Atenção, este é um blog pessoal, eu só divulgo/resenho material QUE EU QUERO QUANDO EU QUERO. Você pode até me enviar seu trabalho ou me pedir pra upar alguma banda especifica se quiser... quem sabe eu acabo fazendo? Mas eu não me comprometo a postar/divulgar/disponibilizar NADA.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

"Quando o povo acordar, os governantes não irão dormir"

Todos que não estavam lá na noite de Quinta (13/06/2013) ficaram atônitos, na verdade demorou umas 24h até que vi blogueiros (independentes ou de sites grandes) e coletivos se manifestando sobre o que ocorrera. Só quem escrevia eram os que estiveram lá, dando depoimentos, e eu fiquei por umas 12h plantado acompanhando tudo horrorizado, como muitos outros, só atentos e chocados, não podendo fazer mais do que compartilhar pela internet o que estava acontecendo...

Realmente eu não sei que foco dar a esse texto, é tanta coisa! Sabe, não quero discutir politica, a proposta do MPL, o tanto de gente que já quer puxar toda essa manifestação pras idiotices da direita como aquela parada de Preço Justo, Cansei, Dia do Basta - Contra a Corrupção (que não é contra o sistema que gera e favorece a corrupção) e até pelo "Transporte Livre" (pra exploração capitalista), mas uma coisa que devo evidenciar é como todos estão confusos ao verem uma manifestação apartidária que não foi promovida pela mídia... é tragicômico ver a Veja e o Conversa Afiada usando a mesma linha editorial pra falar sobre as manifestações, claro, um culpando o PT e o outro culpando o PSDB, mas ambos tentando falar que é manobra politica etc etc.
Os partidos que tão dentro das manifestações, como PSOL e PSTU, querem agir como lideranças, e até já começaram a criticar os anarquistas e apartidários, e no meio vem toda essa galera anti-tumulto falando que não pode ter baderna, não pode responder à policia, que tem que todo mundo ir protestar de branco levando a bandeira nacional e ir cantando o hino, achando que isso é Diretas Já ou Caras-Pintada que nada mais foram do que manifestações que iam COM a maré e total apoio burguês e midiático, gente que acha que todos os direitos civis e trabalhistas foram conquistados com flores e conversas e não com muito suor e sangue.

A manifestação da Terça-feira (11/06) foi fortemente criticada pela mídia, se falou muito de vandalismo mas pouco sobre a violência da policia, e toda a mídia pediu uma ação mais dura da policia. Foi ai que na Quinta-feira cerca de duas duzias de repórteres dessa mídia foram presos, espancados, intoxicados e alvejados por balas de borracha, então grande parte dela mudou seu tom e sua postura - exceto alguns veículos babacas como a Veja que não podíamos esperar diferente, só mudou o tom pra tentar manipular as manifestações depois - com os papos contra a corrupção mas pró sistema capitalista.
Na Terça mesmo já havia um vídeo de um bando de animais fardados agredindo covardemente um jornalista - que ainda ficou preso  arbitrariamente por quase três dias -, mas como o cara era só de uma ONG não se falou nada. (você pode observar o ocorrido a partir dos 40 segundos)


Do pessoal que foi preso na Terça foi decretado uma fiança de R$20mil para serem soltos, curiosamente o mesmo valor que a Justiça de São Paulo havia colocado para um bêbado que havia atropelado e matado uma grávida no começo do ano, então podemos ver que, para a Justiça de São Paulo, se manifestar na rua é um crime gravíssimo, tão grave quanto dirigir bêbado e matar uma mulher grávida.
Ainda alguns dos presos foram acusados de formação de quadrilha para impossibilitar a fiança, e ouvi de relance num jornal da TV que estariam sendo mandados para presídios no interior do estado, mas não posso confirmar porque não vi mais nada sobre isso.
Aqui um depoimento de um dos presos:


"Estava com uma conhecida na manifestação pela redução das tarifas do transporte público, a manifestação havia chegado à Avenida Paulista e o conflito entre manifestantes e policiais começava a se tornar bastante violento, foi então que eu e esta conhecida resolvemos correr e virar na rua Brigadeiro Luis Antonio sentido jardins e esperar a poeira abaixar.
Permanecemos por alguns minutos e voltamos pouco depois para a Paulista para encontrar outros amigos e voltar para casa, quando chegamos na esquina com a Paulista havia cerca de doze policiais da ROCAM parados, não me abalei já que estava apenas aguardando uns amigos para voltar para casa, nesse momento dois manifestantes que se encontravam na esquina nos dirigiram a palavra e falaram algo sobre manifestação os policiais ouviram e rapidamente sacaram suas armas e apontando de forma incisiva para nossas cabeças dizendo "estavam na manifestação, né? Não tem jeito vão ser levados sim bando de vagabundo".
A partir disso se iniciaram momentos terríveis  Fui levado a 78º DP e passei uma noite sendo chamado de vagabundo e formador de quadrilha, após esta noite sem ter o direito a falar com familiares fui conduzido pela manhã ao 2º DP onde novamente sofri algumas humilhações verbais. Ainda em jejum (estava sem comer nada desde a noite anterior) fui conduzido algemado com outros presos para o CDP Belém onde permaneci por uma hora preso com manifestantes e presos comuns ainda em jejum. Quando aguardava a comida ansioso um carcereiro isolou os manifestantes em um cela separada úmida e fria sem colchões e quando finalmente a comida ia chegar (estava quase 24 horas sem comer) fomos informados que éramos inimigo numero do Estado e deveríamos ser transferidos de forma sigilosa (ainda sem poder comer nem falar com meus familiares) antes de entrar no veículo, perguntei aos condutores para onde estávamos sendo levados. a resposta veio seca: "para Rondônia". Ainda com muita fome, questionei sobre a hora da comida com um sorriso no rosto, ele disse ironicamente que iria passar no Mc Donalds. Seguimos viagem e o trajeto foi bastante complicado e um auto-falante emitia “recados” para provocar medo.
Chegamos à Penitenciária de Tremembé, onde finalmente pudemos comer e permanecemos, de um jeito um pouco mais tranquilo, durante dois dias (Quinta e Sexta-feira), sob regime fechado como presos comuns" Júlio Camargo



Da manifestação da quinta devo destacar duas fotos que marcaram quanto a imprensa:

(essa última pra quem não sabe é uma jornalista da Folha que tomou um tiro de bala de borracha no olho de um carro da ROTA que passava, nem na manifestação ela estava mas foi atingida por um animal de farda - pra ser justo, seu patrão pediu por mais "rigor" da policia.
ps: mesmo sendo de borracha, não se pode atirar na cabeça das pessoas - mas foi só isso o que a policia fez)

Tem também esse vídeo que mostra novamente a ação desses animais atacando sem motivo algum um grupo de pessoas que filmavam a manifestação (nesse vídeo também é possível ver quem é que estava quebrando as vidraças - com balas e bombas)



Outra coisa marcante e tragicômica foi a questão do vinagre, as pessoas foram presas por estarem com vinagre! Inclusive jornalistas:


De acordo com relatos, antes das manifestações cerca de 40 pessoas já haviam sido presas por portar vinagre, amigos meus também foram presos, e sem sentido algum, outro ato totalmente arbitrário e absurdo pelo qual toda a corporação e seus comandantes deviam responder severamente, mas nada acontece.
obs: Vinagre ajuda a combater o ardor provocado pelas bombas de gás lacrimogêneo.

Bom, agora quero colocar alguns relatos que pude acompanhar sobre o que acontecia:


"Eu tava lá, e vi de perto, a menos de cinco metros, a policia iniciando com toda a violência, o primeiro tiro, a primeira bomba, o primeiro grito, uma violência absurda, e vi cinco policiais arrastarem uma guria para o camburão enquanto um deputado coxinha assistia de camarote rindo... vi coisas hoje que nunca ninguém deveria ver, vergonha demais do governo!" William Wowo Gomes


"Trabalho na esquina da Paulista com Augusta, em São Paulo. Estou acostumado à presença de emissoras de TV, produção de fotografia, manifestações, performances etc. É nosso cotidiano na esquina da America do Sul. Por isso não foi surpresa quando hoje, tomando um cafe no botequim embaixo do meu prédio, vi na TV Globo as cenas de verdadeira guerrilha urbana, manifestantes colocando fogo nas ruas, cores dramáticas, narração idem, Apocalipse Now.
Olhei pra fora do boteco o que vi? Nada. Apenas os carros policiais, helicópteros, câmeras de TV, coisas a que estamos acostumados, cenas para TV, se me entendem. Tudo bem. Nada estranhando, voltei para o escritório, seis andares acima.
Por volta das seis da tarde, a TV do escritório mostrava mais cenas dessa guerra que eu não reconhecia como real. Tudo bem, estávamos acostumados a glorificação da Paulista, cenário idealizado etc. Comentei com meu sócio, Abel Coelho, sobre o exagero dessa cena para TV, visto que não avistamos um só manifestante, uma só bomba caseira, um só morteiro de Santo Antônio. Tudo bem, não fosse pelo que se seguiu.
Saí do prédio, tranquilo e calmo, desdenhando da ligação de Rita, minha mulher, que, assistindo a Rede Globo, me ligou para tomar cuidado, etc. e tal. Sorri do exagero dela e desci o elevador rumo a estação Consolação do Metrô, que fica bem defronte a portaria do prédio. Para minha surpresa, a estação estava fechada. Guardas me avisaram “volte até a estação Trianon/Masp, se quiser embarcar”. Achei um exagero, protestei, quando me volto para o lado esquerdo da Paulista e vejo pessoas vindo de mãos levantadas, fotógrafos com as câmeras suspensas, e, antes mesmo que pudesse me dar conta desse exagero, cerca de seis motocicletas irrompem pela nossa calçada, em velocidade e impetuosidade, atropelando pessoas, seguida de dezenas de cavalos, ao que todos, assustados e, alguns de nós, já em estado de pânico e estupor, encostam-se nas marquises.
Quando fui protestar, os soldados da Policia Militar, com cacetetes batendo em seus escudos, foram nos empurrando, e, particularmente em mim, bateu com um cacetete nas costas, sem que eu pudesse pelo menos perguntar onde poderia tomar o Metrô. Uma truculência e humilhação a que não tinha presenciado nem nos momentos mais duros do regime militar.
Depois destes momentos de verdadeiro terror, e – note-se – sem que eu visse nenhum “manifestante”, nada, ninguém, fomos empurrados para a rua Bela Cintra, privados de explicação, do direito de escolher nosso caminho, de sequer perguntar o porque dessa violência gratuita, única, exclusiva da Policia Militar do Estado de São Paulo, vi uma barricada na esquina com a Luis Coelho, com coisas que me parecerem colchões e pneus, queimando. Adivinhe quem colocou fogo? Isso mesmo, a Policia Militar de São Paulo, disfarçadamente.
A mim restou descer a Rua Augusta, entre perplexo e assustado, ligando para a família, para me garantir – como nos tempos da ditadura -, dando minha localização, sem o direito de decidir meu caminho, meu rumo, meu destino. Na descida da Augusta localizei, afinal, o motivo de toda essa movimentação da tropa de choque da PM que bate em empresários e trabalhadores: cerca de 20 rapazes e meninas – lembra dos barbudinhos da PUC? – armados de um perigosíssimo megafone e algumas camisetas, pedindo calma e paciência, fugindo do confronto direto com a Policia que, ameaçadora e assustadoramente, com um aparato que não vi nem no Largo São Francisco no tempo da ditadura, repito, fechava a Paulista, fazendo uma cena de guerra para as câmeras de TV.
A mim restou descer a Augusta até a Praça da Sé, resignado, com a marca do cacetete da policia de Geraldo Alkmin nas costas, e a humilhação que devem ter sentido meus amigos desaparecidos, os professores que apanharam de Mario Covas, Dilma Russef e outros tantos que agora são criminalizados por esta mesma força que teima em transformar rebeldia em anarquia, protesto em bandidagem, política em caso de polícia. E o pior: além de marcarem nossas costas com o cassetete da estupidez, roubam de nossos filhos a possibilidade de exercer a mais nobre das faculdades humanas, que é o espírito crítico e de liberdade." Elcio Fonseca



"Amigos e, principalmente, meus filhos, estou em casa, finalmente. Eu não vou escrever nada mais sobre o que aconteceu hoje. Só tenho uma coisa a dizer. Em todos os meus anos de militância em movimentos sociais, que envolveram muitas passeatas, nunca, nem mesmo sob a ditadura militar recente no país, eu nunca presenciei uma repressão policial tão violenta quanto a de hoje.
Milhares de cidadãos, participantes do movimento ou não, estudantes a caminho da faculdade, idosos, crianças, mulheres, cadeirantes, ciclistas, skatistas e até ambulâncias foram alvo indiscriminado de balas de borracha, bombas de gás e fumaça, cassetetes e prisões. Bastava você colocar a camisa sobre o rosto para se proteger das bombas que você era preso. Antes de ser preso, era arrastado como um troféu pela força policial. Se te parassem e você estivesse com uma bolsa e na bolsa houvesse um lenço, qualquer lenço, você ia preso. Se te encontrassem com um pouco de vinagre, isso mesmo, vinagre para poder tentar respirar sob o ataque desumano dos policiais, você era imediatamente preso.
Nós paramos em frente ao tribunal de justiça próximo a praça Roosevelt. Ali começou o cerco por três lados. Quando entramos na rua da Consolação, fomos recebidos pela tropa de choque atirando a esmo até nos manifestantes que se deitaram no chão para mostrar que não ia partir para confronto. Quando recuamos, fomos recebidos de novo a bala e bombas da tropa de choque que nos cercou na retaguarda. Quando tentamos fugir para o elevado Costa e Silva, a tropa também estava lá e atirou. Eu me abracei a uma ambulância que passava na tentativa de que eles não iriam atirar. Me enganei, e muito. Apontaram miraram e atiraram na ambulância para acertar todos que tentaram se abrigar ali. O resto foi simplesmente um massacre dos cidadãos. O GOVERNADOR DO ESTADO, SR GERALDO ALCKMIN, AUTORIZOU O MASSACRE. Este episódio entrará na história paulista como um dos atos mais vergonhosos do poder público! Até amanhã e espero que todos pensem de novo ao chamar esse grupo de manifestantes de baderneiros." Mario Silva



"Ainda com o rosto ardendo e a roupa cheirando a vinagre, quero dizer a quem está confuso sobre o que aconteceu hoje foi muito, muito sério.
Não era violenta, era pacifica. Não foi confronto, foi ataque. Não foi dispersão, foi cerco. Não foi reportada, foi mentida. Não foi distúrbio e agora tem que ser movimento social" Newton Molon



"Olá, o meu nome é Pedro Pêra, tenho 20 anos. Sou estudante do curso de Visagismo da Universidade Anhembi Morumbi.
Eu me senti menor e mais indefeso do que um rato. Naquele momento parecia que a minha vida não tinha o menor valor. Não sei exatamente o nome da rua que estava quando a policia nos encurralou, sei que é uma que cruza a Bela Cintra até a Augusta. Fecharam a rua dos dois lados, deixaram todos encurralados e começaram a jogar bomba e disparar tiros de bala de borracha no meio da multidão. Os tiros e as bombas vinham de todos os lados. Todos gritavam em couro “sem violência”, até então não havia nada que os agredisse. Friamente, quanto mais se pedia e se implorava para parar - ouvi milhões de “Pelo amor de Deus!” “Vocês não têm mãe?” - mais eles atiravam, mais aquele barulho ensurdecedor, mais a vista embaçava, mais faltava o ar. Não havia pra onde correr, gente ensanguentada, garotas desmaiando, muitos gritos. Com muita falta de ar, os olhos, o rosto inteiro e garganta ardendo eu e a minha amiga e mais algumas pessoas próximas que também não aguentaram caímos no chão em um ato de desespero o choro era involuntário pedíamos para que não machucassem mais a gente, se aproximaram junto com eles alguns jornalistas e com isso passaram pela gente sem nos machucar mais. Seguiram atirando e jogando bombas na multidão que ainda tentava escapar. Estamos caminhando para uma ditadura e isso é muito mais sério do que o que você que viu pela TV pode imaginar!
Até conseguir chegar no metrô o clima era de muita ameaça, pessoas que não tinham nada a ver, que estavam voltando do trabalho, sendo apavoradas, choro, grito, fecharam as entradas do metrô, desespero. Era possível ver o ódio e prazer no olhar deles se aproximando como se estivessem indo para uma matança. Estou mancando de uma perna, com a garganta ardendo muito ainda, tossindo e dor de cabeça por conta do gás lacrimogêneo. Vivo em um país onde a minha vida vale menos do que uma lixeira quebrada!"


Queria encontrar, mas não consegui, o depoimento de uma galera que, aparentemente, eram veterinários e correram para a manifestação com material de primeiros socorros para atender as pessoas mas foram parados pela ROCAM e foram agredidos e tiveram seu material apreendido.

E mesmo após a dissipação das manifestações a policia ainda estava nas ruas cometendo todo tipo de crimes, impondo toques de recolher, fechando bares, agredindo indiscriminadamente quem estava pelas ruas.



Alguns veículos e outros otários reacionários apoiam a ação da policia dizendo que eles estavam impedindo a depredação e vandalismo, bom, tem algumas coisas importantes a se levantar:
1 - Após os ocorridos de São Paulo diversas cidades já abaixaram suas passagens - para evitar chegar nesse ponto, mas as anteriores, como Goiânia, Porto Alegre e Teresina, só conseguiram após muitos e muitos protestos e que resultaram sim e prejuízo material aos empresários - e só depois de doer no bolso voltaram atrás.
2 - Antes dessas manifestações violentas existem reuniões, protestos, manifestações pacificas com meia dúzia de gatos-pingados.
3 - Curiosamente NÃO HÁ vandalismo quando a policia não esta presente - vide manifestação da Sexta (14/06) em Curitiba: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/14/sem-policia-protesto-contra-a-tarifa-em-curitiba-termina-sem-violencia.htm e na manifestação de Sábado (15/06) em Belo Horizonte onde a policia não atacou os manifestantes: http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2013/06/15/sem-confronto-pm-mineira-abre-caminho-para-8-mil-manifestantes-em-bh.htm
4 - O movimento de Goiânia já havia identificado policiais a paisana entre os manifestantes criando confusão, depoimentos de São Paulo também confirmam e até de outras manifestações a própria policia admitiu ter gente a paisana entre os manifestantes.

Sem policia sem vandalismo, com policia tem violência e vandalismo, tem algum ponto aí que precisa ser ligado... não queria me prolongar nisso, mas isso é uma tática velha dos militares, desde aquela bomba que explodiu num carro durante a ditadura a diversos ataques terroristas assumidos por militares pós-anistia que eram só pra incriminar os movimentos sociais e de esquerda, o plano descoberto do Bolsonaro, no inicio dos anos 90, de colocar bombas em quarteis pra novamente culpar a esquerda e os libertários (digo, os libertários de verdade, não essa piada capitalista ai que querem chamar de libertária) até esse videozinho que já virou viral:



Aqui mais um pouco da ação da policia na Quinta-feira em São Paulo, pequeno grupo de manifestantes pacíficos sendo alvejados por estas marionetes de farda


E vale destacar essa aqui também: "Você quer desligar essa porra ou vou ter que fazer alguma coisa na sua cara?"


Pra fechar sobre esse dia - que vale lembra, também houveram protestos marcados por violência policial no Rio de Janeiro, segue um último manifesto:

"Os jornais não vão dizer que foram horas de manifestação pacífica, desde a Paulista até o terminal parque Dom Pedro.
Os jornais não vão dizer que a passeata seguiu o caminho praticamente delimitado pela força policial até ser encurralado em frente ao terminal.
Os jornais não vão dizer que após encurralar uma massa de 20 mil pessoas na frente do terminal, a incompetente força policial do estado de São Paulo atirou bombas de gás lacrimogênio no meio da multidão, gerando correria e colocando a vida de muitas pessoas em sério risco.
Os jornais não vão mostrar que o povo voltou cantando, unido, com apoio popular das janelas dos prédios, aplausos e tudo mais até a praça da Sé.
Eles não vão dizer que ao tentar se reunir novamente na praça da Sé, o povo foi atacado covardemente pela tropa de choque em frente à Catedral sem motivo algum aparente.
Nos jornais não vai aparecer que a partir daí a tropa de Choque realizou uma caça indiscriminada a qualquer transeunte, indo muito além do simples dispersar e controlar.
Nos jornais só vai aparecer que essa caça resultou na prisão de um repórter e de um fotógrafo da grande mídia.
Eles não vão contabilizar os manifestantes feridos, espancados pela polícia, machucados por estilhaços de bomba. 
Os jornais só vão mostrar os policiais feridos, como se eles tivessem sido simplesmente atacados.
Esses jornais só vão falar de vandalismo, como se isso resumisse o ato, esquecendo toda a marcha.
Os jornais não vão mostrar que o povo fugiu novamente, agora da Sé, rumo à av. Paulista, já furiosos para serem atacados em frente ao MASP de forma covarde e com armadilhas preparadas nas ruas em volta, de forma que o povo não tivesse para onde fugir sem ser atingido pelos ataques da polícia.
Os jornais não vão dizer que todo o vandalismo se concentrou em bancos e propriedades que representam o Estado.
Eles só vão mostrar uma visão simplista, classificando os atos como puro vandalismo sem propósito, escondendo a real motivação de tanta revolta.
Eles nunca vão falar que se trata de uma juventude cansada da opressão do Estado e da ditadura do sistema financeiro.
Os jornais não vão dizer que a juventude não tem perspectiva de um futuro além de se amassar em caixotes com rodas todas as manhãs indo para um trabalho que não gostam, pagar caro por isso, em troca de um salário que mal paga habitação e alimentação.
Eles nunca vão dizer que a especulação imobiliária afastou o povo trabalhador do grande centro, obrigando a necessidade de horas de deslocamento até os locais de trabalho.
A mídia corporativa já não quer informar, quer manter a ordem do sistema vigente, o tão dito 'status quo'. 
Violenta é a mídia que é incapaz de ver o ser humano quando isto não vai ao encontro de seus interesses corporativos.

Violenta é a mídia.
Violento é esse sistema doente.
Violentá uma vida sem esperança."
Bruno Burden





Na abertura da Copa das Confederações em Brasília, Sábado (15/06), também houve protestos e foram mais uma vez marcados pela violência do Estado em prol da ordem burguesa.
A presidente Dilma foi vaiada dentro do estádio, mas infelizmente nesse momento na TV só se mostrou a voz dessa galera hipócrita que estava ali sustentando o mesmo circo ao qual vaiava e não a voz de quem estava lá fora realmente se manifestando. Mais uma vez uma manifestação pacifica é cercada por animais fardados que atiram pra todo lado e perseguem e agridem e até atropelam manifestantes!




Mas acredito que o mais grave, até mais grave que os acontecimentos de Quinta em São Paulo, foram os desse Domingo (16/06) no Rio de Janeiro frente ao Maracanã, algo que ainda me embrulha o estômago só de ler os relatos e ouvir as gravações de rádio...

Foi registrado um policial usando indiscriminadamente uma arma de choque contra manifestantes que estavam pacificamente exibindo faixas frente a uma avenida.


Mas o que se segue é bem pior:


"A tropa de choque está perseguindo os manifestantes dentro da Quinta da Boa Vista, o número de policiais é absurdo! Estão lançando gás lacrimogêneo nos manifestantes que se evadiram para dentro da Quinta da Boa Vista. os manifestantes que estavam dentro do posto de gasolina foram alvejados por bombas de gás lacrimogêneo também, DENTRO DE UM POSTO DE GASOLINA acontecendo algo serão os manifestantes a serem responsabilizados, este é nosso estado democrático de direito, rasgaram nossa constituição!!! Rasgaram!!! Espalhem a notícia!" Anonymous Rio


"As rádios CBN e BandNews tiveram seus sinais cortados e substituídos pelas narrações dos jogos de futebol que estão acontecendo agora. As câmeras de vigilância pública da Prefeitura do Rio de Janeiro estão desligadas. Os manifestantes estão cercados dentro da Quinta da Boa Vista, sendo alvo de bombas de gás, de efeito moral e balas de borracha. Há famílias e crianças dentro do parque. Eles estão considerando NEGOCIAR SUA LIBERAÇÃO.
A PM sequestrou os manifestantes. Se isso não é prisão política, se isso não é massacre, se isso não é repressão autoritária EU NÃO SEI MAIS O QUE É." Raquel Hoffmann


Sim, foi aplicado censura dos meios de comunicação!
Além disso o desligamento das câmeras já mostra toda a intenção maliciosa destes lixos fascistas fardados, fora isso foi apreendido celulares e câmeras que os manifestantes portavam, uma cena tenebrosa que mostra que estamos sob uma ditadura... eu não sei dizer se os militares tão agindo por conta própria mas o Estado está completamente omisso, por tanto, conivente - se não for o mandante de toda essa violência.
Aqui as transmissões dos repórteres antes da censura, confiram o que eles narravam ao vivo:




E por fim o relato mais assustador da noite:

"Estou dentro do ônibus voltando pro Rio de Janeiro (saindo de SP) e a Policia Rodoviária Federal acabou de revistar todos os passageiros. Em 26 anos de estrada, fazendo esse trajeto, nunca vi isso acontecer. Fomos todos obrigados a sair do ônibus e deixar nossos pertences como colaboração. Depois de longos 40 minutos, fomos convidados para regressar ao interior do ônibus e encontramos nossas bolsas reviradas. Tivemos que mostrar um a um qual era nossa mala. A policial agradeceu a todos, olhou pra mim e perguntou: "você esteve presente em algum tipo de manifestação nos últimos dias ?" Respondi. Ela perguntou minha idade e pediu meu telefone. Olhou minhas fotos e meus vídeos.
Fez a mesma coisa com um outro menino e voltamos aos nossos lugares..
O ônibus pode seguir viagem.
Mas a sensação é estranha." Veronica Linder


E em meio a tudo isso, especialmente ao que acontecia em São Paulo na Quinta, está sendo negociada e votada as pressas uma Lei de Terrorismo que busca criminalizar qualquer manifestação popular, com penas de 15 a 30 anos e com uma linha especial para quem se manifestar durante os eventos esportivos que vem por aí... a votação será daqui há 10 dias, e se duvida, pode checar:
http://oglobo.globo.com/pais/votacao-de-lei-sobre-terrorismo-fica-para-dia-27-com-impasse-sobre-inclusao-de-movimentos-sociais-8679479

Quanto a isso tá rolando um abaixo-assinado do Avaaz. assinem e divulguem (e vamos juntos as ruas protestar também)
http://www.avaaz.org/en/petition/Em_poucos_dias_quem_se_manifestar_podera_ser_preso_como_terrorista


Tirem suas próprias conclusões, hoje (17/06) em São Paulo será um dia chave, após toda essa violência muito mais gente se juntou a causa, alunos de medicina se disponibilizaram a prestarem socorro em pontos estratégicos da manifestação, bem como grupos de advogados já estão prontos para atender em todas as delegacias para soltar os manifestantes, a coisa está muito mais organizada, vários outros grupos se uniram, mas mesmo assim, as previsões para hoje não são nada boas... mas pra quem tá aqui no blog por curtir um punk rock, SE VOCÊ VER UM PM CAINDO??? (acho que já sabe o que fazer....)

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