Atenção, este é um blog pessoal, eu só divulgo/resenho material QUE EU QUERO QUANDO EU QUERO. Você pode até me enviar seu trabalho ou me pedir pra upar alguma banda especifica se quiser... quem sabe eu acabo fazendo? Mas eu não me comprometo a postar/divulgar/disponibilizar NADA.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Origem da primeira facção skinhead nazista no Brasil

E outro trabalho acadêmico! "Skinheads: Os “mitos ordenadores” do Poder Branco Paulista". Mestrado em Ciência Sociais PUC-SP  por Alexandre de Almeida, 2004.

A PUC passou a digitalizar seu acervo a partir de 2005, o que tornou um pouco difícil consegui-lo. Na verdade, eu já tinha a maior parte do livro (recebi por email), mas no arquivo não constava o seu começo, como introdução e o próprio título do livro e o nome do autor. Em uma pesquisa encontrei essa mensagem de 2010 nos arquivos das listas da IndyMedia.

"Olá,
Há alguns anos atrás, escrevi uma dissertação de mestrado sobre a formação do White Power Paulista. Após várias negativas de editoras, percebi que ela iria ficar "empoeirando" na biblioteca da faculdade Por isso, resolvi enviar o original (em PDF) à pessoas interessadas pelo tema.
Se vocês gostarem, peço que utilizem sua rede de contatos e ajude a disponibilizá-la para mais pessoas. Qualquer coisa, estou à disposição.
Um abraço.
Alexandre de Almeida."

E lá também encontrei o começo do livro e o anexei no arquivo aqui.


No primeiro capítulo o autor estuda o "surgimento dos movimentos reativos à Nova Ordem Global", pondo o capitalismo e a globalização como fatores preponderantes à perda de identidade do individuo, e a busca por ela se torna uma bengala existencial. O individuo então procura e cria mitos para se sentir seguro no meio onde ele sentiu perder todo o controle. E como o título do trabalho denuncia, o foco são os "mitos ordenadores" criados pelo Poder Branco Paulista, a primeira organização neo-nazista skinhead brasileira.

Obviamente, a pesquisa histórica remete à Inglaterra, e mostra como organizações políticas, em especial o National Front, busca recrutar os jovens insatisfeitos.
Havendo uma dissidência da cena punk com idéias mais conservadoras, o partido começa a patrocinar bandas com tais visão, como o Cock Sparrer e posteriormente Last Resort, Condemned 84 e Combat 84, todas participaram de eventos patrocinados pelo National Front.

"a afinidade central do Cock Sparrer era com o reino, com a rainha,
súditos da rainha (...) patriotismo(...) a gente nunca foi radical, o
pessoal que seguia a gente era (...) "
C.S., Cock Sparrer .


Bom, nessa ele, claro, chega ao Screwdriver e bandas posteriores... pois bem, o que eu acho interessante mesmo do livro é o segundo capítulo, que mostra os partidos fascistas brasileiros tentando replicar o que foi feito na Inglaterra, e aí ele cita três figuras grandes fascistas que se aproximam dos Carecas do Subúrbio procurando neles um braço armado nas ruas e também um meio de recrutamento de mais jovens. As três figuras seriam ALC, AO e AZ, o autor não cita nomes mas destes eu não vou deixar barato:

ALC - Anésio de Lara Campos: já vinha do PRP (Partido da Representação Popular) fundado pelo Plínio Salgado. Em 85 com o fim da ditadura ele reorganiza a AIB (Ação Integralista Brasileira), em 88 funda a Ação Monárquica Imperial e o PARNASO (Movimento Participativo Nacionalista Social) e até chegou a tentar se candidatar à presidência da república pelo Movimento Monárquico Imperial Brasileiro... ou seja, um fascista megalomaníaco com sérios problemas na cabeça!

AO - Aldo Onesti Mônaco: pertenceu à Juventude Fascista Italiana, integrou aqui PNSB (Partido Nacional Socialista Brasileiro) e depois fez parte do AIB. Também é um escritor revisionista e teve livros publicados pela editora Revisão, de Siegfried Ellwanger Castan, outro perturbado fã de grandes ditadores.

AZ - Armando Zanine Pereira Junior: funda em 85 o PNSB e é mentor de pelo menos três outras organizações nazi/fascistas, o Partido Nacionalista Revolucionário Brasileiro, o Partido Nativista e a Força Nacionalista Brasileira.

Estes sujeitos e suas organizações passam a financiar os Carecas do Subúrbio, seus eventos e bandas.

"Quanto  àqueles  que hesitavam em se filiar às organizações, algumas formas de cooptação foram  utilizadas.  Sem  citar  o  nome  de  uma  organização  especifica,  alguns entrevistados disseram que, de um modo geral, todas elas ofereciam cargos dentro da estrutura e financiamento de shows."


E aí começa os conflitos internos envolvendo ideologias e tendencias diferentes, as dissidências que formam os Carecas do ABC e o Poder Branco Paulista mas isso vou deixar a cargo do autor contar e tu vai saber se ler.
O terceiro capítulo se trata de uma análise dos mitos criados pelo Poder Branco Paulista: A supremacia branca, A Secessão de São Paulo e o Sul do resto do país, A conspiração judaica para dominar o mundo.
Essa parte é bem chata porque tenta analisar cada frase e motivação para cada mito, e é cheio de trechos de textos extraídos de fanzines regados a pseudo-ciências racialistas (que apelam até para divindades) e hipocrisias. O autor leva cerca de 30 páginas pra falar: "São um bando de idiotas" - não, o autor não diz isso, em fato, sua imparcialidade é bem incomoda.

Pra fechar, todo o conservador, reacionário e moralista é, por definição, um cagão. Ele tem medo da mudança e por isso se fecha em uma tradição, identidade, verdades únicas/mitos e qualquer merda assim, porque não passa de um covarde. E nas palavras do autor "O Poder Branco Paulista" como o resto da cena Careca "nutre a simpatia por estas ideologias, pois elas não permitem a existência da dúvida, um sentimento que provoca apreensão e agonia." - ou seja, fracos e medrosos.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Anarquismo No Movimento Punk : Cidade de São Paulo, 1980-1990.

Mais um trabalho acadêmico, mestrado em história na PUC-SP por Valdir da Silva Oliveira em 2007.
Nada melhor que o resumo do próprio autor para falar sobre o livro:


"A presente dissertação partiu de minhas inquietações vivenciadas na década de 1980. Morando no Parque São Rafael, Zona Leste da cidade de São Paulo, pude presenciar, cotidianamente, a mobilização punk que emergia com força e vitalidade na cidade.
No entanto, o que mais me chamava atenção era o pequeno, mas crescente, engajamento do movimento punk com o anarquismo. Manifestado em suas práticas e experiências no processo de ocupação e vivências nos espaços e territórios da cidade.
O objeto de pesquisa desse trabalho é refletir, discutir e estudar o anarquismo no movimento punk, suas incursões políticas, sociais e culturais na metrópole paulistana. Para isto, utilizamos como fontes os próprios discursos dos remanescentes punks da época pesquisada, através de relatos, textos e artigos publicados nos fanzines (meio de comunicação dos punks), cartas trocadas entre os integrantes do movimento e entrevistas com punks do período abordado, onde analisamos as tensões e disputas dos punks enquanto memória de vidas e lutas. Procuramos dar voz e visibilidade aos sujeitos históricos que interagiram, vivenciaram, discutiram e refletiram sobre o anarquismo no movimento punk, na década de 1980."


O autor busca analisar o anarquismo dentro da cena punk durante a década de 80 em dois períodos, pré-85 e pós-85 (não é só uma divisão no meio, mas marca também uma data de censura e pós-censura). Em certo ponto ele consegue demonstrar bem a diferença, mas por outro lado ele falha por apenas ter estudado a atuação da mesma geração nas duas épocas. Um exemplo seria que ele cita o MPA (Movimento Punk Alternativo - criado por punks na ativa desde a "primeira fase") mas em nenhum momento cita o MAP (Movimento Anarco Punk - que viria a ser a nova geração de punks).
Acredito que o fato do MAP ser excluído é o não conhecimento do autor, que teve por base de pesquisa somente a cidade de São Paulo, enquanto o MAP surge em Mauá. E também houve um racha do CCS (Centro de Cultura Social) com o MAP justamente por estes serem mais jovens e ficarem bebendo e causando nas reuniões - racha que levou à criação da Juventude Libertária no começo dos anos 90, ligada mais à COB (Confederação Operária Brasileira), UGT (União Geral dos Trabalhadores), AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores).


O que acho interessante da introdução do punk no livro é que o autor não traça uma linha dos movimentos culturais jovens que levaram ao surgimento do punk, e sim da própria identidade histórica da classe "jovem" e colocando os movimentos como meras consequências dessa identidade. O texto não tem aquele peso acadêmico chato citando milhares de referências de escolas de pensamento etc etc, achei que o autor soube dosar bem a quantidade de informação que usa, principalmente filtrar o tanto de objetos de pesquisa que obteve - além de várias entrevistas, ele afirma ter pesquisado mais de 40 caixas de documentos sobre a cena punk durante os anos 80 doados ao CEDIC/PUC-SP (Centro de Documentação e Informação Cientifica), doação feita pelo punk entrevistado no seguinte trecho extraído do livro:


“Tem uma palestra ali que uma vez em..., acho que foi a primeira vez que eu falei no Centro de Cultura, eu falei para o público, me convidaram, esse cara, o Gurgel me indicou para fazer parte de uma mesa para discutir o movimento punk e anarquismo, aí eu pô, vinte anos de idade, no auge de minha ignorância, da minha arrogância, eu chego no Centro de Cultura, sento, aí chega um velhinho todo curvado, cara, era o Aldegheri, senta do meu lado, tava bem cedo e ele pergunta assim: ‘é, mas o que vocês querem?!’ Há, a gente quer destruir o sistema. ‘Há, ta bom, destruir o sistema é fácil, e o que vocês vão fazer depois que vocês destruírem o sistema?!’ Acabou, meu amigo, acabou, acabou, não tem resposta nenhuma pra dar, você começa a gaguejar, falar um monte de abobrinha, mas consistência nenhuma, nenhuma, falando de 1985, e essa época eu já tinha escrito acho que dois ou três exemplares do fanzine chamado ‘Anti-Sistema’, então eu não era uma pessoa tão sem informação assim, recebia correspondência de vários lugares do Brasil, de vários lugares do mundo, então eu não era uma pessoa tão desinformada"

e continuando...

"... o Aldegheri, o cara era um italiano, que luta contra o fascismo, vai preso, para o campo de Aushwitz, sobrevive porque é um bom sapateiro, foge, volta para ajudar libertar seus amigos [...] Vai preso na Guerra Civil Espanhola [...] ele foge para a França e vai parar na Alemanha. Agora você imagina, sentar com um maluco desse e trocar idéias, você está trocando idéias com a história viva, n/é cara, não é o que você leu. [...] O Pedro Rueda, o cara foi tenente ou capitão durante a Guerra Civil Espanhola, [...] todos homens com mais de 60/70 anos de idade, a experiência que eles te colocam naquele momento , pô bicho, não tem curso de história que te dê isso"
(Antonio Carlos de Oliveira em 20/07/2006)


Vale lembrar, assim como na entrevista que fiz aqui com o Vladi (Ulster, Brigada do Ódio, Rasura Records) a anarquia que os punks pregavam na primeira metade da década de 80 era mais reativa ao sistema do que uma ideia propriamente anarquista, até porque não se tinha onde pesquisar e aprender sobre o assunto. Livros como "O Que é Anarquismo?" só foram lançados no período pós-censura, em 85, assim como a (re)criação do CCS que possibilitou a interação dos jovens punks -pretensos ou aspirantes- anarquistas com os velhos estudiosos e militantes anarquistas.



“Os punks surgiram dentro da idéia da anarquia, porém sem a base histórica dos anarquistas que atravessam o século XX e participam de revoluções e lutas”
(Marcos Falcão - Excomungados)


Mais uma vez, o foco do livro é sobre a anarquia dentro do movimento punk, então ele não busca falar sobre bandas e tão pouco sobre gangues, apesar de ser essencial citá-las em alguns momentos. A maior base de pesquisa são fanzines e cartas, assim como entrevistas com autores dos mesmos.
Tenho que ressaltar que estes, os reais preocupados com a luta política dentro da cena, sempre foram uma minoria, por isto o livro não reflete o movimento punk como um todo.

Enfim... segue o link para o download do livro:


domingo, 12 de agosto de 2012

Funeral Punk (sem o "Ph")

(Funeral no Araraquara Punk 2009, foto retirada do blog deles)

Funeral é uma banda de Araraquara, tive a oportunidade de vê-los ao vivo algumas vezes pelo interior paulista, tão na ativa desde 1992.
Eles afirmam terem lançado várias demo-tapes, eu só tenho uma, de 95. No blog tinha o link para download de um CD lançado em 98 (aparentemente) mas o link expirou há muito tempo. O Pinga (Pesadelo Brasileiro) tem esse CD e recentemente o jogou na net, então aproveitei pra ripar a minha demo e disponibilizar aqui. Infelizmente a demo não tem nenhuma música quem não esteja no CD, ela por sinal foi mal gravada, estando o lado A muito baixo (então tive que ripar com som alto, o que aumentou também o ruído) e o lado B, apesar de melhor, são só três músicas, e o começo da última tá cortada, Mas fica aí pra quem quer ver uma gravação mais rústica da banda - a qualidade ruim não está na gravação da banda, e sim na cópia feita da fita.
O som deles, claro, é o Punk Rock, mas também demonstram certa influência de metal em músicas como Condição Humana e Era Um País (uma paródia da música Era Uma Casa - muito engraçada, não tinha piso, não tinha nada...), a versão que eles disponibilizaram do CD conta com mais 6 bônus ao vivo, que eu não tenho aqui, aparentemente saíram só na net. Nos shows os caras mandam muitos clássicos do punk nacional, mas o mais interessante mesmo é o cover que fazem do Restos de Nada estilão rock and roll, totalmente diferente do som original. Músicas também que agitam bem a galera são Bate e Espanca o Camburão e Pau no Cu do Pagode.

ps: Se alguém tiver as outras demos e puder compartilhar, manda bala!


Mundo Sujo e Doente (1995)
01 - Mundo Sujo e Doente
02 - Verdade Doa a Quem Doer
03 - Alienação da Televisão
04 - Era Um País
05 - Admirável Mundo Moderno
06 - Miséria em Todo o Pa´is
07 - Vivo Sem Viver
08 - Eleições
09 - Restos de Nada (Restos de Nada)



01 - Condição Humana
02 - Sonho Perdido
03 - Pau no Cu do Pagode
04 - Bate e Espanca o Camburão
05 - Admirável Mundo Moderno
06 - Verdade Doa a Quem Doer
07 - Cegos Pela Fé
08 - Mundo Sujo e Doente
09 - Alienação da Televisão
10 - Restos de Nada (Restos de Nada)
11 - Era Um País
12 - Maldita Guerra
13 - Miséria em Todo País
14 - Vivo Sem Viver
15 - Eleições
16 - Funeral
17 - Crianças Abandonadas (DZK)
18 - Aluga-se (Raul Seixas)
19 - Treze

Resenhas (4)

obs: As fotos tão sempre ruim porque eu tiro sem flash, com flash fica um reflexo horrível nas capas porque eu guardo todas em plásticos... e como podem ver minha câmera é uma merda também.

Bermes - Até o Fim (2010)
Nova Lima (MG), eu já tinha esse álbum antes e perdi quando mudei de cidade, agora adquiri de novo, e pra pegar esse quando poderia ter pego outro que não tinha é porque esse é muito bom! O som é horror punk, mas acho que ficaria melhor definido como horror hardcore punk, alguns sons são bem pauleira, como Ocultismo (de 28sec) e umas mais "balada" como Vá Pra lá Também. Esse entra fácil num top10 meu de horror punk (sim, ao lado de Misfits e outros).
Vem de bônus a primeira demo da banda, do ano anterior, mas essa não tem nada de especial, não é ruim, mas não tem identidade.

Maldita Minoria - E Quem Disse Que eu Morri??? (2012)
São Paulo? ABC? Projeto novo do Nenê Altro, e espero mesmo que consiga criar uma identidade melhor do que essa que acabei de citar. Das letras ao nome do álbum os temas são bem pessoais e, obviamente, falam da própria vivência do vocalista. Pra falar a real eu não estava animado pra ouvir, achei que seria uma continuação do Total Terror DK, mas tenho que aprender que o Nenê sempre surpreende! (Assim como quem pensou que Total Terror DK era continuação de Sick Terror, Sick de Bastards In Love, Bastards de Personal Choice, etc) o som aqui é bem diferente, tem uma pegada a lá hardcore old school, da velocidade das músicas e riffs, quando ouvi o vocal até fui conferir se era mesmo o Nenê, ele mostre grande capacidade de adaptação pro estilo que tá cantando, e as letras continuam ácidas, cutucando as feridas e fazendo milhares de inimigos. Ao contrário de Total Terror DK essa banda me animou bastante, curti e recomendo!

Resto de Ontem - O Tratamento (2011)
Bebedouro-SP, quando postei eles aqui antes reclamei que ainda não tinha essa demo, pois é, agora tenho.
A qualidade de som dessa é a melhor entre as demos deles, eles mostram também músicas mais trabalhadas, não tão agitadas, priorizando as letras que continuam denunciando as injustiças e a ganância humana.
A faixa que leva o nome da banda eu considero a mais positiva, "Não estou sozinho e não sou só eu quem acredita" e, que acredito ser o motto da banda, "fazemos questão de influenciar positivamente". Também regravaram a música Caminhos do Medo que saiu na primeira demo (2008 - mas que foi primeiramente gravada dez anos antes por uma antiga banda de alguns dos membros, The Mentes) com uma pequena alteração, ao invés de afirmarem "o mundo não tem solução" agora é "esse sistema não tem solução", confirmando assim uma postura e atitude mais positiva da banda.

Sistema Sangria - Brasileiro de Verdade Não Tem Medo Não (2004)
São Paulo. Crossover barulhentão, lembra muito Ratos de Porão pós Onisciente Coletivo, mas no geral o som é mais pesado por ter menos pontes e músicas em outra levada. Recomendado para quem curte o citado.

Juventude Maldita / Final Fight - Quem de Medo Corre, de Medo Morre (2008)
Juventude Maldita é um dos maiores nomes do street punk nacional, os caras tem o dom pra fazer música estilo "hino", pra cantar junto e com os "Ôooo" e "Hei! Hei!" pra entrar no feeling, sempre temas anarquistas falando de atitude e união, e aqui eles fazem um cover inesperado de Breaking The Law do Judas Priest, chamado Foda-se a Lei.
Mas o destaque deste split mesmo é o Final Fight, banda do Chris Skepis, brasileiro que ingressou no Cock Sparrer nos anos 80. O som deles é o punk rock clássico mas várias horas tu sente um forte tom de rock'n'roll... é, punk'n'roll é o melhor nome pra definir, apesar de haver algumas músicas puramente punk. (foto da "outra capa" - não tem frente ou trás)

Pugna / Magüerbes - Invulneráveis ao Tempo e a Desgraça (2010)
Pugna é de Sorocaba, o som deles é rock and roll, na real não bem isso, é pesadão e tem influência hardcore (ou post-hardcore), eu não sei direito as "classificações", mas é aquela pegada crua e barulhenta, não aquele post-hardcore "melódico" (tão pouco screamo ou coisa assim), mas a guitarra é bem rock and roll, isso sim.
Magüerbes é de Americana, e o som deles é tipo a mesma pegada só que em geral mais pesado, com mais influência hardcore e metal (bem diferente de som deles que eu já tinha ouvido antes).
Recomendo pra quem curte Ordinária Hit, Velho de Câncer, Ornitorrincos, Chivas Duo e afins.


obs: Sistema Sangria e o split do Juventude Maldita adquiridos com o pessoal do Ódio Social, Bermes e Resto de Ontem com a Pesadelo Produções, Maldita Minoria e o split do Magüerbes na Cipreste Negro.

sábado, 11 de agosto de 2012

Grinding Reaction


"A cada momento a realidade escava profundos sulcos em minha carne, mas eu permaneço"
Max Stirner

Banda de Diadema-SP. Resenhei outro dia a segunda demo deles que recém adquiri e aproveitei pra ripar a primeira (em k7) que eu já tinha, acredito que isso completa a discografia.
O som dos caras poderia ser definido como crossover, apesar de fugir das linhas do crossover comum, também fica difícil chamar de metalcore/moshcore, apesar de ter aquele peso hardcore característico, acho que ele tem uma pegada mais simples, mais próximo ao thrash tipo do álbum Chaos A.D. do Sepultura mas com mais pegadas mais rápidas tipo as do verso do Biotech is Godzilla... enfim, falei e falei e não falei nada hahaha
Tire suas próprias conclusões:

Grinding Reaction (2001)
01 - You Don't Care
02 - Nazi Bastards
03 - Impunity
04 - Fuck The Rules
05 - Violence







01 - Culture of Terror
02 - Rise
03 - Prostituição Infantil
04 - Sindicato do Crime
05 - Last Genocide

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Cena punk em Ribeirão Preto-SP dos anos 90 documentada

Segue aí outra tese de pós-graduação, Ciências Sociais PUC-SP feita em 2008: "Musica e Imagem: O movimento punk e seus desdobramentos - década de 1990" por Jefferson Barcellos.

O livro (após introdução, metodologia, etc) começa traçando uma linha desde o começo do blues e o surgimento do rock and roll como movimento cultural jovem de quebra padrão até o punk rock, onde traça melhor suas origens. Essa parte é bem rica e fala de muitos artistas dentro e fora da música e muitas influências - o autor só demonstra profundo desconhecimento ao citar os skinheads, presumindo só a existência da vertente nazista dos anos 80 e ainda a vendo como desdobramento do movimento punk.

Depois de uma rápida passagem pela cena punk paulistana ele vai falar sobre a sua cidade, Ribeirão Preto, há mais de 300km da capital.
Parece que sempre acabam ficando algumas lacunas, principalmente em lugares onde a cena é pequena, marcadas pela mudança de gerações. Lá pelos idos de 84 a cena punk paulistana deu uma esfriada, e acredito ter sido o mesmo pelo resto do estado. Havia, talvez, uma cena punk em Ribeirão Preto no começo dos anos 80, mas muito pouco documentada (até onde sei, só a banda Estágio Zero que teve uma matéria no zine "1999" em 83 - e que diz não haver, mas ainda assim existir, "não mais que meia dúzia de punks convictos"). O autor não cita essa primeira leva de punks da cidade, muito provavelmente não teve contato e talvez até desconheça, mostrando como uma primeira geração punk lá (erroneamente, claro) bandas formadas entre o final dos anos 80 e começo dos anos 90 como Desemprego, Os Estranhos e Os Egoístas (dessa última ele foi baterista).
Na sequência uma "segunda geração" com Motorcycle Mama, Broken Fingers e Distúrbio Mental e a formação do coletivo Cabeça de Bode - e bandas que vieram depois, como Punta, Paranóia, Monroe, Aleister, Bisqueiro Incendiário, Morfise, etc. A narração da organização da cena é uma história tão parecida com tantas outras: Os caras mais cabeças ligados na parte de atitude e postura independente fazendo uns corres monstro pra organizar a coisa, e depois de erguerem a cena aparecer otários que se identificam puramente com o visual sem ter nenhuma ideologia e começar a avacalhar tudo.


(fotos nos eventos Street Rock)

"A gente ia lá para apavorar mesmo, eu conhecia Sex Pistols e Ramones de ouvir falar, e o que eu ouvia falar era que sempre rolava umas tretas nos shows... que a galera apavorava. Era o que a gente fazia na época, comprava uma pinga, ia pra frente da loja e ficava empurrando aquele monte de playboy, pois nós é que éramos punks mesmo. Os caras podiam comprar tênis, calça gringa e instrumento musical. A gente tinha que ir de ônibus e passar embaixo da catraca. Então nós apavoramos mesmo. Mesmo sendo eles que tocavam pra gente ouvir."
(W. , Julho 2006)

"Nós começamos a chamar esse pessoal de 'Pébas', eu não sei direito da onde surgiu isso, nunca entendi direito. Mas o problema maior é que eles chegavam por volta de umas oito ou dez pessoas no máximo e criavam muito problema para gente. Foram vários atritos, que tiveram início no último Street Rock que tocaram todos do Cabeça de Bode. Acho que foi em 1994, ali teve gente machucada, eles interrompendo show para atrapalhar quem estava tocando. Jogando coisas no palco, aliás era a primeira vez que usávamos um palco na rua. Enfim começou a ficar bastante difícil conviver com esses caras. E o mais engraçado é que diferente de nós, que nos intitulávamos punks, eles mal sabiam o que era isso. O lance dos caras era porrada e só."
(Kelsen, Distúrbio Mental, Agosto 2007)

E como sempre, aconteceu aquilo que eu disse das lacunas marcadas pela mudança de gerações. Por 1996 essa cena começou a esfriar, pois a grande maioria do pessoal tava casado, com filhos, trabalhava e não sobrava tempo para o punk rock. Mas o mais legal do livro é que na pesquisa feita pelo autor buscando novamente todo esse pessoal ele conseguiu reunir quatro bandas da época, Motorcycle Mama, Paranóia, Distúrbio Mental e Broken Fingers com suas formações originais (só a última que tocou com um guitarrista da segunda formação) e organizou um evento/reunião em 2007 com elas, depois de mais de dez anos sem tocar (exceção do Distúrbio Mental, que nunca parou).
(Cabeça de Bode Revisitada, 2007)

Uma parte muito engraçada que tenho que destacar é que de todos que ele conseguiu o contato, só um se negou a conversar, dar entrevista, etc, porque virou crente! hahahaha Tinha que ser crente!
Sem mais, segue o link para download (mais de 200 páginas!):


ps: Devo lembrar que esse é um livro acadêmico, então muitas vezes o autor para pra fazer analises sociológicas/psicológicas sobre questões de identidade, interação social, juventude, etc.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Resenhas (3)


Academic Worms - Consciência / Respeito (2002?)
Neves Paulista, reedição da demo feita esse ano (foi lançada originalmente em k7). A gravação é bem crua mas dá pra acompanhar as letras de boa, isso quando não tão mandando um noisecore fodido rs. O som varia entre o punk hardcore e o noise grind e as letras todas de protesto e recomendo pra todos aqueles que curtem as bandas de punk noise com muita mensagem consciente dos anos 90.

Dischord - Tecnologia Para Quem? (2002)
São Roque-SP. Pra falar a verdade eu tenho meio preconceito com bandas "Dis" e "Des", muitas são cópias descaradas de Discharge, mas Dischord não se resume só ao D-Beat, além de algumas músicas mais noise grind e eles abrem o álbum com um punk rock de classe com uma letra muito boa e tem outro som pelo meio em que eles interpõem noise com reggae e dá pra sentir uma influência de metal em algumas músicas também.

DZK - Imperialistas (2000)
Do ABC, nome obrigatório quando se fala de punk rock nacional. A mixagem dos instrumentos tá melhor do que no trabalho anterior, deixando até mais barulhenta a banda, mas o vocal ficou mais abafado. Esse álbum também mostra a evolução musical da banda, tocando músicas muito mais "complexas" e trabalhadas.
Curto pra caramba a música Zé da Silva, que já tinha saído no LP Punk & Hardcore 1996.

Nastcut - Demo (2012)
Powertrio de Thrash Metal de São Manuel-SP. Já tive a oportunidade de ver os caras ao vivo, e mandam muito bem, a demo aqui traz só 4 sons mas tão muito bem gravados, riffs thrashando do começo ao fim e pegada rápida, o vocal é meio estilo Anthrax, manja? Não agudo como algumas bandas de metal e nem gutural grave... e parece que tá vindo um full lenght por aí...

Derrubando Todas Las Rejas y Barreras Impuestas (2009)
Coletânea lançada por um selo argentino e um chileno, conta com as bandas Outlaw Bastards (México), Artigo Dz9? e Espanto (Brasil), Desorden 86 (Bolivia), Chamber (Colombia), I.C. (Porto Rico), Guerrilleros de Nadie (EUA), Critterat e Total Distöpia (Peru), Gale (Equador), Fuego Al Kapital e Gritando Odio (Argentina), Contrarespuesta (Chile) e Fe Nefasta (Costa Rica). O som vai desde o punk mais simples até o crust mais barulhento, eu seria suspeito aqui pra destacar o Artigo Dz9? porque sou amigo dos caras, mas uma banda aqui que curti muito foi o Guerrilleros de Nadie.

Igual Só Que Diferente (2010)
Coletânea que reúne 10 bandas que estão fora dos grandes circuitos de eventos. Lollitas (Contagem-MG), Pesadelo Brasileiro (Catanduva-SP), Selvagens (Ouro Preto-MG), Hardschool, El Dia de Los Muertos e Bob Skull (Belo Horizonte-MG), Resto de Ontem (Bebedouro-SP), Psicokaos (Divinópolis-MG), Bye Bye Bilis (Baixo Guandu-ES), Bermes (Nova Lima-MG). Os sons variam entre punk rock e horror punk, eu também seria suspeito pra destacar bandas já que tenho contato com muitas delas, mas o Pesadelo Brasileiro entra aqui com algumas de suas melhores composições, Psicokaos que manda um punk hardcore de protesto nervoso e Bermes que eu curto bastante e vai estar numa próxima resenha.


obs: DZK também adquiridos com o pessoal do Ódio Social, a coletânea gringa e o Nastcut são distribuídos pela Subverta Produções, a última coletânea pela Pesadelo Produções, a Academic Worms e o Dischord pegos com o Jacaré (vocal da Academic) que tem uma porrada de material a venda e eu tô tentando convencê-lo a montar um blog ou página ou contato "formal" pra quem quiser ver seu catalogo, por enquanto fica esse contato aqui.

CRASSualidades capitalistas



Tudo começou dia 16 de Julho de 2012, quando a conta do Mediafire do site Anarcho-Punk.net foi atacada pelo D.M.C.A. (Digital Millenium Copyright Act) deletando 7 álbuns lançados pela banda Crass (a pedido da mesma) - todos lançados há 30 anos atrás, e não suas remasterizações recentes - consequentemente, pelo número de reclamação (as sete feitas pelo Crass / Southern Records) as múltiplas contas do site acabaram por serem banidas, retirando do ar mais de 3.000 links para downloads e assim derrubando a maior rede de compartilhamento de arquivos anarcopunks - ironicamente, destruição causada pelos próprios, proclamados, "pais do anarcopunk".

Isso ficou em segredo por dois dias, enquanto um dos administradores do site conversava diretamente com o Crass / Southern Records (você pode conferir o post/denuncia neste link com screenshots da conversa - todo em inglês, eu estou apenas resumindo e traduzindo para os que não tem acesso a informação por causa da língua).
A banda Crass se mostra não somente contra o compartilhamento de arquivos, mas a favor das leis de copyright (que, estranhamente, em seu Facebook, metade dos "curtir" da banda são contra o S.O.P.A. - Stop Online Piracy Act).

O fato de uma banda não querer suas músicas divulgadas ("digitalmente" ou "de graça") é perfeitamente aceitável e a Anarcho-Punk.net nunca se opôs a isso, ainda afirma já ter retirado material de bandas que pediram para tal, o que complicou o processo é que o Crass, supostamente anarquista, ao invés de resolver o problema em comum acordo entre anarquistas (entrando em contato e pedindo para ter seus álbuns retirados) preferiu acionar as leis de copyright do Estado para resolver a questão, e assim penalizando centenas de bandas que apoiavam o site ou não se importavam de ter seus trabalhos compartilhados... o Crass, autoritariamente, resolveu decidir por todas estas e processar diretamente a conta dos arquivos e tirá-la do ar.


Isso pode surpreender, mas nos "extras" no final da denuncia contem várias outras denuncias feitas sobre as atitudes do Crass / Southern Records nos últimos anos (em especial, o Steve Ignorant), como censurar e banir pessoas na página da banda (principalmente por falar sobre esse assunto, eles não querem que seus fãs fiquem sabendo das reais posições -atuais- da banda), banir contas do Youtube por terem suas músicas, cobrar mais que bandas pop pra tocar, brigas internas da banda quanto as reprensagens que estão sendo vendidas a preços comerciais (ao contrário dos trabalhos originais que eram a preço de custo), darem um calote nas bandas que participaram da coletânea "Bullshit Detector", ameaçar processar uma das bandas do selo por ter disponibilizado suas músicas em seu site, processar o Conflict / Mortarhate Records por ter gravado um cover do Crass sem pagar direitos autorais - e ainda ter entrado com outro processo pelo Conflict ter tornado isso público obrigando-os a deletar uma carta aberta ao Steve (confira aqui - em inglês)... é anarquismo que não acaba mais, não é? rs


Eu ainda torço pro Penny Rimbaud levantar de sua cadeira de balanço no seu sitio, subir ao palco durante uma apresentação do Crass peladão e dar um sacode nesse moleque do Steve para parar de sujar o nome da banda e tudo o que construiram... seria lindo!
Enfim, pra fechar, vou deixar as palavras de um amigo meu:


"E fazer o quê? Boicotar uma banda que acabou há mil anos? Meu dinheiro nunca foi pra eles e sempre serão, com o passado ARTÍSTICO, uma influência (agora mórbida?) do faça-você-mesmo. Desde a independência empreendedora até essa merda terrível de cobrarem seus lucros assim. De fato, não precisavam disso. Mas quem é o Crass? Me interessam somente seus discos e vários textos, não há por quê depender dessa idoneidade. Agora resta fazer piada denunciando essa comédia tristonha, ainda que eu pense que o ego do Rimbaud e da Gee Vaucher não serão feridos. O Crass acabou em 1984, o resto é rock'n'roll, não há por quê acreditar numa banda assim. É estúpido. Mas é um exemplo pra milhões de punks entenderem que não há exemplo a seguir"
Aran - Bonequinho+<

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Odiados e Orgulhosos, Ricardo Ampudia


O livro é na verdade um trabalho de conclusão de curso de comunicação social / jornalismo escrito em 2006. Ele se auto sub-intitula "Um mapa da ação e organização dos grupos skinheads no estado do Paraná", no entanto é mais uma série de relatos e entrevistas do que um "mapa" propriamente dito.
Dividido em nove capítulos, os quatro primeiros se tratam de uma introdução para leigos à cultura skinhead até o surgimento deles no Brasil, e pra falar a verdade eu pulei essa parte e não sei o quão bem escrita está hehehe - também pulei o capítulo 7 que fala sobre o nazismo historicamente. Mas pra quem é "leigo" no assunto eu recomendo ler e, principalmente, checar as referência bibliográficas no fim do livro.








Ele começa com um relato de um punk que mudou-se de Curitiba por causa das gangues skinheads, e depois vai atrás de colher mais depoimentos e relatos tanto de punks como de skinheads/carecas entre as cidades de Londrina, Maringá e Curitiba e suas regiões metropolitanas. Conta com depoimentos de ex-moradores do extinto squat Kaaza e até do, ainda ativo, squat Korcell (Blumenau-SC) além de outros punks, assim como depoimentos de skinheads das mais diversas gangues nacionalistas, sulistas e nazistas.
Uma coisa legal que o livro traz, além das histórias, são recortes de jornal, imagens de zines, panfletos e flyers skinheads/carecas, entre eles essa belezura aqui (bizarra!):

(Cartaz do início dos Carecas do Brasil, mostrando o quão frágil é a postura anti-racista/nazista que dizem ter)

Também dá pra dar boas risadas com depoimentos de skinheads/carecas querendo se dizer contra a violência e bons cidadãos, depois falando se batem em homossexuais na rua respondem "depende do humor". Mas a maior perola mesmo foi essa aqui:

"As pessoas confundem o integralismo com o fascismo, o que é mentira. O integralismo foi o único pensamento político que lutou contra o fascismo, contra o nazismo."

Ri alto com essa hahaha, não sei quem é pra enganar, a nós ou a eles mesmos... enfim, o livro foi disponibilizado no blog HxcxStreetOi! pela Amanda (Russia) que tá sempre ali no chatbox.

Eu também upei um link com ele (quanto mais tiverem, melhor!), segue aí:

Resenhas (2)


Colisão Social - s/t (2006)
Do fim da Zona Leste de São Paulo, tu já deve ter os ouvido na primeira coletânea S.P. Punk ou na Punk Rock Distorção e Resistência. Aqui eles reúnem gravações novas com as mais antigas, os temas variam entre protesto e cotidiano de um punk rocker, e o som é esse mesmo, mais puro Punk Rock, poucos acordes e letras pra tu cantar junto.

De$interia Cerebral - s/t (2002)
Puta que pariu, vergonha alheia ouvindo esse CD. Acho que os caras quiseram fazer umas letras "de zuera" mas só fizeram merda infantil que fala nada com nada, no meio tentam mandar uma música mais "consciente" e só falam besteira, e depois ficam repetindo "MR-8, Movimento Revolucionário 8 de Outubro"... o porquê eu não sei, não acredito que os caras realmente saibam o se importem com o MR-8, só pegaram o nome pra pagar de punk. Enfim... rodou uma vez no CD player e já foi muito!

Mercado Negro - Guerra de Classes (2002)
De Maranguape-CE. O som é rapcore pesadão, aquela guitarra metalizada característica com o vocal rapiado. Tu pode até sentir uma influência de Rage Against The Machine e Pavilhão 9, mas os caras não diminuem o peso em prol do funk ou de alguma batida mais rap. Como tu pode ver pelo nome do álbum o som é de protesto, e a única coisa ruim nele é que só tem cinco músicas.

Plague Rages / Foible Instinct (2012)
Esse split traz duas excelentes bandas de grindcore, Plague Rages de São Paulo e mais de 15 anos de estrada na bagagem e Foible Instinct, da Ucrânia.
Um negócio que eu acho legal é que ambas as bandas sabem dosar as músicas, não fica naquela britadeira do começo ao fim, sempre entra umas pontes ou sons mais diferentes (as do Plague mais puxadas pro crustpunk, as do Foible pro metal) que deixam o conjunto da obra muito mais agradável (grind agradável!?), eu sinto uma certa monotonia em alguns álbuns de grind, mas aqui os caras sabem como te deixar ligado na música.

Point of No Return - Centelha (2000)
Primeiro álbum dessa banda straight edge paulista e acredito ser o precursor aqui nesse estilo de som, o tal do "moshcore", hardcore pesado mas numa pegada não tão rápida, com guitarras metalizadas e "break downs" com vocais pra sing along no estilo grito de guerra (pode ser chamado também de "metalcore").
Tem algumas bandas desse estilo que eu não curto muito, e o encarte deste álbum traz um texto muito interessante que futuramente vou postar aqui, falando da necessidade de uma postura política mais contundente, e até mesmo de uma reaproximação com a cena punk, e não ficar fechado num gueto sxe só falando de crews - e pagando pau pra cena escrota de Boston (não das bandas, mas da atitude das pessoas da cena), esse texto de 12 anos atrás ainda tem muito valor pra cena atual, e, repetindo as palavras do Roger Miret (Agnostic Front): Nunca confie num garoto hardcore que nunca ouviu punk rock.

Repulsão Explícita - Pobre (2011)
De Santos. Me lembro de já ter ouvido alguma música deles em alguma coletânea mas o som era mais hardcore e eu não tinha dado muito atenção pra banda. Agora adquiri este CD e nem tava esperando muita coisa... fui surpreendido! Aqui os caras mandam um crossover muito bem executado, som pauleira, algumas músicas numa pegada bem rápida hardcore e outras num crossover mais clássico thrash.


obs: todos os materiais adquiridos com o pessoal do Ódio Social, exceto o do Plague Rages e o Point of No Return, na Cipreste Negro.

Sangria Social Ação de Sangre

Peguei essa belezura final de semana retrasado numa gig, indo embora de carro com uns camaradas no dia seguinte botei esse CD pra tocar, bom pra caralho, um dos caras até me ofereceu o dobro do que eu paguei pra vender pra ele mas não aceitei hehehe
Ficou combinado que quando eu voltasse pra casa a primeira coisa que eu iria upar seria isso aqui, só cheguei ontem mas antes disso eu já tava sendo cobrado!
Curte aí Diogo!

Faccion Terrorista Ódio ao Sistema (2012)
01 - Ódio Social - Agoniza
02 - Sistema Sangria - Segredos de Estado
03 - Faccion de Sangre - Atrofia Mental
04 - Ação Terrorista - União
05 - Ódio Social - Homem de Pedra
06 - Sistema Sangria - Vontade de Matar
07 - Faccion de Sangre - Humanidade
09 - Ódio Social - Nazi Coke Fast Food
08 - Ação Terrorista - Agressão
10 - Sistema Sangria - Mortoqueiro
11 - Faccion de Sangre - Toma Essa
12 - Ação Terrorista - Contraste Social
13 - Ódio Social - Ódio Social
14 - Sistema Sangria - Maicon do Sertão
15 - Faccion de Sangre - Queda Livre
16 - Ação Terrorista - Auto Destruição
17 - Ódio Social - Brasil Sem Futuro
18 - Sistema Sangria - Isso Que é Roubar
19 - Faccion de Sangre - Mundo Nuclear
20 - Ação Terrorista - Guerra Social
21 - Ódio Social - Made in Bolívia
22 - Sistema Sangria - Fim do Mundo
23 - Faccion de Sangre - Underground
24 - Ação Terrorista - Proposta Eterna

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Resenhas

Salve galera! Fiquei uns dias fora e enquanto eu não ripo nenhum material novo ou preparo alguma matéria/texto/entrevista resolvi resenhar algumas coisas (inspirado nessa página linda que vem em todo bom zine de bandas)... por enquanto só de material novo que eu peguei desde a minha última postagem aqui, e o que pegar daqui pra frente (e não adianta me mandar mp3, vou resenhar só o que adquiri fisicamente).
Também acrescentei uma mensagem ali em cima porque tem gente confundindo este blog com o meu antigo.
Enfim, primeira leva de resenhas:


Desastre - Perigo Iminente (2005)
Desastre é de Goiânia-GO e eu já postei os caras aqui antes, obviamente este não é o meu trabalho favorito da banda (se você já leu a outra postagem sabe), mas ainda sim esse CD é do caralho. A banda tem uma forte bagagem D-Beat dos seus outros lançamentos mas aqui eles incrementam mais influências de hardcore punk ao som. Recomendo para fãs de D-Beat e UK82.

Reflita - Protestar (2004?)
De Iúna-ES, o som é Punk Rock de protesto bem simples, tu pode ver pelo próprio nome da banda e do álbum que a mensagem é bem simples e direta (e ironicamente, de baixa reflexão hehehe). Foi gravado ao vivo em estúdio mas a qualidade ficou muito boa.

Grinding Reaction - Opression, Negligence, Tears and Blood (2004)
São de Diadema-SP, apesar da palavra "grind" integrando o nome o som deles é mais puxado pra um crossover hardcore pesado, foi lançado num formato peculiar, caixinha "slim" transparente com a face do CD amostra na parte de trás (o único outro que já vi neste formato é o split Chivas Duo / Ingravida, lançado 7 anos mais tarde). A banda havia acabado em 2008 e parece que voltaram ano passado, eu tenho também a primeira demo deles é uma banda que eu já pretendia postar aqui, então, provavelmente, logo vocês vão poder estar conferindo o som aqui.

Morte Suicida - s/t (2004)
Powerviolence straight edge de Belém do Pará. Curti bastante esse CD, porrada do começo ao fim, são 32 músicas bem curtinhas mas e tu nem percebe quando muda de faixa, deixando a parada bem intensa. Eu só não entendi uma coisa, veio dois CDs dentro da caixinha, os sons são os mesmo, só muda algumas coisas com uma intro falada e um bônus no final... minha caixinha veio premiada ou é assim mesmo??

3 Ways of Armageddom (2004)
Caramba, tudo mais ou menos lançado junto, né? rs
Quem abre esse 3 way é o Irritate, Finlândia. O som dos caras é bem particular (talvez só nesse disco, não ouvi outros), as bases são bem heavy metal/hard rock mas o vocal que acompanha é death/grind/gore... sabe, eu curto heavy metal/hard rock, o que nunca curti eram os vocalistas cantando em tom agudo e aquelas guitarrinhas que me dão vontade de vomitar (tipo a intro do Sweet Child o' Mine do Guns and Roses), tira isso, fica um metal tradicional perfeito pra agradar os ouvidos rústicos de um thrasher punk.
Na sequência vem Social Chaos, de São Paulo, hardcore violentíssimo e intenso, algumas horas puxando até um blastbeat. Com o vocal inconfundível do Borella, o som pode até lembrar um pouco F.D.S., mas imagine isso com esteroides?
Pra fechar vem Olho de Gato, Holanda. A gravação é ao vivo mas tá muito boa, o som é pauleira entre grindcore e powerviolence.

Faccion Terrorista Ódio ao Sistema (2012)
Essa bela coletânea conta com as bandas Faccion de Sangre, Ação Terrorista, Ódio Social e Sistema Sangria, todas de hardcore e de São Paulo. Alguns sons mais trabalhados, alguns mais barulhentos, mas todos violentos e politizados. A próxima postagem no blog vai ser essa coletânea, e aí vocês poderão conferir melhor do que se trata.


obs: todos os materiais adquiridos com o pessoal do Ódio Social, entre em contato, eles tão distribuindo bastante coisa legal.