As previsões para Segunda-feira (17/06) eram ruins, mas ninguém poderia prever que o que iria acontecer poderia ser tão ruim assim!
Eu vou tentar ser curto porque aqui venho compilar diversos manifestos e desabafos que pude ler nos dois últimos dias, e eles vão sintetizar tudo que quero mostrar, mas tenho algumas ressalvas a fazer:
Até semana passada toda a grande mídia chamava os manifestantes de vagabundos e baderneiros. Os Datenas, Jabores, Ratinhos, Azevedos, Mainards e outros nojentos estavam lá esbravejando pedindo ação da policia, subitamente após essa mesma mídia ter sido atingida por essa ação que pediram, e sem conseguir controlar a revolta das pessoas ao ser escancarada a maneira como o Estado/policia sempre nos trataram, ela rapidamente resolveu mudar o discurso: "Se não pode com eles, junte-se a eles!".
Então, do dia para a noite, todos estes que passaram a vida a execrar todos os movimentos populares, todas as lutas por mudanças, viraram especialistas das manifestações e começaram a falar na TV o como e por quê se manifestar, e ai rolou toda a palhaçada que vou deixar se evidenciar pelos manifestos e desabafos que disse.
Uma coisa que eu acho muito engraçado é uma "apropriação" da revolta que esta rolando, tudo começou porque os anarquistas e partidos de esquerda estavam na ruas, mas agora dentro destas manifestações iniciadas por eles mesmo eles estão sendo perseguidos e execrados, sendo taxados até mesmo como dissidentes! Como se tudo isso não se deve-se justamente a eles! E ai vem gente falar "esse protesto é do povo brasileiro, não de vocês (esquerdistas partidários)"... ué, onde tava esse "povo brasileiro" na semana passada quando tudo começou? Porque mesmo eu não sendo partidário de nenhum destes - PSTU, PSOL, PCO, PCB -, reconheço que eles sempre estiveram lá, sempre estiveram levando bala na rua se manifestando... e onde tava o "povo brasileiro" em Pinheirinho? onde ele estava na Aldeia Maracanã? Onde eles estão em Belo Monte? Caíram ONTEM de para-quedas e se acham os donos de tudo seguindo certinho a cartilha ditada pela mídia!
Enfim, muita gente quer fazer um paralelo de hoje com as manifestações de 100mil pessoas em 1968, e acho tal paralelo extremamente importante! - mas não pelos motivos que estão falando.
O que acontecia em 68? Ora, a guerrilha tava pegando fogo, havia real perigo ao sistema, MR-8 mesmo foi fundado no final de 67, sem falar da Guerrilha do Araguaia que se inicia no mesmo ano e a resposta a tudo isso que foi o AI-5.
O que fizeram? Começaram com essa "É! Despertamos! Agora vamos lutar contra o sistema", "Mas atenção, esses que tão usando violência, vandalismo, estão contra a nossa causa, temos que ficar contra eles!" e assim o povo foi colocado contra aqueles que iniciaram tudo, exatamente como agora, e aí se juntaram 100mil pessoas em manifestações contra a ditadura, o que eles conseguiram? Que merda conseguiram!?
E MUITA ATENÇÃO, houve também uma vez que uma legitima manifestação popular também foi cooptada, manipulada, desvirtuada e pervertida pela mídia, colocaram o povo pra protestar contra políticos quando o buraco era muito mais em baixo, e em meio essa insatisfação fizeram uma grande mudança no país. Quer saber quando foi? 1964.
Ontem tivemos um lindo passeio de famílias vestidas de branco cantando o hino nacional e segurando bandeiras do Brasil, até mesmo subiram no Congresso Nacional, que bonito! Mas se ao invés de só subirem o tivessem queimado talvez hoje não teriam sido votados e aprovados em suas instâncias o projeto da "cura gay", o Ato Médico e a "Bolsa Copa".
Sem mais delongas, aqui os manifesto que vi na Segunda (17) antes dos protestos:
"Planejávamos nos manifestar sobre os acontecimentos relacionados à luta contra o aumento das passagens em São Paulo somente após o ato que está marcado para daqui a pouco, porém depois que o porta voz oficioso do tucanato, Arnaldo Jabor, resolveu “se desculpar publicamente” pelas palavras que vomitou na manhã do dia 13/06 e diante das coisas “estranhas” que estão acontecendo desde a repressão de quinta-feira, o coletivo resolveu falar.
Xs membrxs da RASH-SP estiveram presentes em todos os atos contra o aumento das passagens de ônibus e metrô em São Paulo (e também nos realizados nos anos anteriores). Apoiamos a proposta de tarifa zero e denunciamos a opressão e a violência policial vivida diariamente pela população pobre da região metropolitana. Temos pouca ou nenhuma ilusão em relação à democracia representativa burguesa, mas enfrentamos a polícia ao lado de militantes dos partidos da chamada “oposição de esquerda”, mesmo sabendo das pretensões eleitorais desses partidos, ansiosos por abocanhar um eleitorado “petista” cada vez mais descontente com as políticas antipopulares do governo federal. Consideramos legítima e enriquecedora a participação dos partidos da esquerda nas manifestações.
No entanto, a “diversidade de opiniões” tem um limite. Com dimensão que o movimento tomou depois da transmissão “ao vivo” da violência policial contra xs manifestantes na última quinta-feira, subitamente a direita golpista mudou de opinião. Se antes éramos “vândalos” e “baderneiros”, agora somos “os jovens que vão mudar o país”. A edição desta semana da Veja e o patético pedido de desculpas de Arnaldo Jabor deixam claro que após anos de tentativas frustradas de criar um movimento de massas que encampasse sua agenda, os setores mais reacionários do país agora vislumbram no movimento contra o aumento das passagens a possibilidade de alcançar seus objetivos. E aí aparecem nas redes sociais grupos de jovens limpinhxs propondo o uso da bandeira nacional, de roupas brancas, flores e meditação.
Não é a toa que todas aquelas pessoas que se informam através da Folha de São Paulo e da Veja e vibraram com cada borrachada dada pela PM nos baderneiros da Avenida Paulista e nos maconheiros da USP, hoje estão compartilhando nas redes sociais seus típicos métodos de manifestação patrioteiros: “o gigante acordou”, “vem pra rua”, “acorda Brasil”, entre outros. Nunca dormimos um segundo sequer, os movimentos sociais sempre estiveram atentos e lutando contra a opressão capitalista.
É importante que haja diálogo entre os movimentos sociais envolvidos, para que as legítimas e necessárias manifestações que se iniciaram no dia 06 não sirvam de carona para oportunistas, tornando-se um movimento elitista contra “a corrupção”, mensalões, redução da maioridade penal, etc., como o antigo “Cansei”. Não é a toa que desde que a direita “passou para o nosso lado” que os jornais noticiam que o perigoso vinagre está liberado e que provavelmente não vai ter bala de borracha nem bomba de gás hoje, mas sim uma enorme “festa” da população indignada com “as coisas como estão”. Até a Avenida Paulista, antes protegida por tanque de guerra contra os baderneirxs, hoje está liberada… o momento é de luta firme pelos objetivos originais do movimento e de vigilância contra o oportunismo das elites.
NÃO VAMOS ACEITAR COLAR COM BOY CARAPINTADA E NEM SER MASSA DE MANOBRA PRA DIREITA GOLPISTA E OPORTUNISTA! NÃO SEREMOS OS COADJUVANTES DA NOSSA LUTA!" Coletivo RASH-SP
"Ao ver a "retratação" de Arnaldo Jabor, que antes dizia que "esses revoltosos de classe média não valem nem vinte centavos" e agora rasga elogios revolucionários ao Movimento Passe Livre revela bem mais que um caráter bipolar desse clown da direita. Essa atitude da "grande" imprensa, que há pouco se referia aos protestos como obra de vândalos mas que agora os vê como manifestações pacíficas não é por acaso.
Pergunto a você, caro internauta, quando foi que viu a Globo, SBT, Record, Band, CNT ou Rede TV apoiando levantes populares no Brasil? O que temos visto na maioria das vezes é a imprensa dando destaque a protestos contra a corrupção, que visam não o sistema corrupto e sim o PT, ignorando que a corrupção no Brasil é endêmica e não apenas resultado da gestão de um único partido.
Vejo nessa guinada da mídia um ar de minissérie "Anos Rebeldes", caras pintadas e impeachment de Fernando Collor de Mello. uma meia volta volver oportunista e partidária, com vistas as eleições de 2014, tendo como maior favorecido a mais nova criação tucana, Aécio Neves.
O Movimento Passe Livre que serviu de pontapé inicial para que jovens de várias partes do país, inspirados inclusive pelos recentes protestos na Turquia, se levantassem não só contra o aumento das passagens mas também contra todos os desmandos que assolam esse país, não pode ser sequestrado por interesses partidários. O Brasil, refém dessa polaridade PT-PSDB, precisa urgentemente criar uma alternativa à esquerda e não-eleitoreira, que não esteja interessada em reformar este estado arcaico e sim pô-lo abaixo, construindo uma sociedade a partir de uma nova lógica política, social e econômica." Carlos Latuff
"Aos que irão à manifestação, em especial aos meus alunos:
Os conservadores (ou o que chamamos de direita) querem sequestrar a pauta das manifestações em prol de seus interesses. Isso ficou claro na mudança brusca de opinião de jornais, de revistas e de figuras notoriamente reacionárias que antes criticavam as manifestações, e agora as apoiam. Ficou mais evidente ainda quando vi a foto de "artistas" com o olho pintado de roxo, em protesto contra a violência policial. Não me consta que esses mesmos "artistas" se pintem de “vermelho sangue” quando a mesma polícia mata os jovens pobres e pretos da periferia. Por isso, digo com todas as letras: a causa de Datena, Arnaldo Jabor, Marcelo Tas, Pondé e esses "artistas" não é a causa pela qual lutamos. Eles apenas mudaram de posição porque viram que a manipulação ideológica tem limite e que as pessoas não ficariam apenas na petição online.
Pense: eles se dizem contra a corrupção dos políticos, mas se calam quanto à corrupção de empresas privadas; eles reclamam da má qualidade do serviço público, mas são favoráveis à privatização e contra o aumento dos impostos dos mais ricos; eles estão "cansados da violência", mas nada dizem sobre a violência cotidiana a que a população pobre - em especial negros, mulheres e gays - estão expostos; eles são contra a "gastança de dinheiro público" apenas quando se trata dos programas sociais, mas não veem problemas quando o BNDES financia empresas privadas a juros baixos; eles se dizem contrários ao aumento da passagem, mas acham absurdo falar de “tarifa zero” – mesmo sendo algo juridicamente possível. Então, meu caro, não seja idiota: essas pessoas não querem o mesmo que você. Elas não PODEM querer o mesmo que você, pois os privilégios que têm dependem de quão ruim a sua vida continuará a ser.
Conservadores, por óbvio, querem conservar e não transformar. Por isso, não é por vinte centavos. É pela construção de um horizonte político que estas pessoas não querem, mas que você precisa acreditar ser possível.
Elas não são nossas aliadas. Definitivamente, não são." Silvio Almeida
E pós:
"Na moral? Pior ato da minha vida.
Aparentemente, tinha mais pessoas do que em todas as outras, cerca de três vezes mais pessoas, pra mais. E claro, uma ótima ausência de policiais.
No mais? Trocou-se QUALIDADE por QUANTIDADE.
Tinham mais pessoas, que estavam tudo, menos INSATISFEITAS. Me arrisco até a dizer que estavam FELIZES. O ato era mais do que pacífico, era fraco. Não tinha coro de gritos consistentes, não tinha uma energia de combate ao estado, eram apenas pessoas passeando pela rua, gritando.
Fora o NOJO do pessoal enaltecendo a BANDEIRA DO BRASIL, o seu AMOR À PÁTRIA, o seu AMOR POR SÃO PAULO. Talvez isso explica a presença de CARECAS (sim, os pilantras nacionalistas) no rolê.
Vandalismo é feio, mas prédios jogando kilos de papel (eu chamaria de lixo de escritório) era muito legal.
Reparei em pessoas mais interessadas em xingar a CORRUPÇÃO, os PETRALHAS, do que preocupada com o Passe Livre ou o Aumento do Ônibus. Talvez, porque hoje, grande parte lá presente não estava ligando muito pro ato e sim em estar nele, e claro, overdose de classe média.
Em determinado momento, tentaram tomar a bandeira do PSOL (que estava enchendo o saco) e eu e um colega que fomos intimados, pois estávamos perto, e com o rosto coberto por uma camiseta. A tentativa de tomar a bandeira por parte de alguns jovens foi chamada de "agressão não-física", "desrespeito ideológico".
Ditadura é feio, mas o PCO enaltecer comunismo pode. Aliás, tinham alguns jovens com uma bandeira comunista nas costas. Tinha até gente PRÓ-CAPITALISMO.
E assim seguiu a marcha apática, passiva, e por um trajeto ridículo (Berrini? Rede Globo?).
O pior da noite foi: em determinado momento, um cara e uma mina foram pixar um portão... okay, sabia que geral iria repudiar, mas ai uns 20 caras cercaram a mina e começaram a METER A MÃO NA CARA DELA. Apontando, empurrando, falando colado. Eu e o Pedro Silva fomos pra cima dos caras defender a mina antes que ela apanhasse, e ai recebemos uma salva de "SEM VIOLÊNCIA".
Pior ato que já presenciei.
Muita gente, pouca cabeça, pouca postura ideológica, pouca insatisfação, muito foco em ser pacificamente passivo, em amar o Brasil e amar sua cidade, e estar na rua falando em POVO. Muita gente odiando partido, mas dando força pro Estado.
Pra quem vai em manifestações ativas, com frequência, entendeu muito bem isso, sentiu na pele a frustração.
Nem é querer ser chato, mas ai: toda aquela efetividade dos 4 atos anteriores, se perdem em meio a um ato pífio, sem energia, e perdido em egos.
O Estado agradece, pois um ato assim é praticamente um desfile que não incomoda.
O Camarada Renan disse bem: " A luta anticapitalista dos protestos anteriores se perdeu no meio da luta política e da burguesia oportunista".
A melhor parte da noite?
Achei um bilhete de metrô." Cainã Colonezi Rodrigues
"Desculpem-me os entusiastas, mas o que eu vi hoje não foi um protesto. Foi uma passeata, uma manifestação, mas não foi em nenhum momento (pelo menos no grupo em que eu estava) um protesto, um movimento por mudança, de questionamento e enfrentamento das políticas perversas do Governo de São Paulo e da Prefeitura da capital. Queria pedir licença para, numa percepção individual tentar diferenciar a manifestação, a passeata, do protesto, da revolta para ficar claro níveis de intensidade de mudança propostas por diferentes momentos e manifestações populares.
A manifestação é o povo na rua dizendo “estou descontente” e esperando, numa perspectiva clientelista da política, uma ação vinda dos governantes. A manifestação é feita dentro dos limites legais, ela é avisada com antecedência, é acordada... é aparelhada. Está dentro do jogo político institucional do Estado. Não estou querendo fazer o anarquista radical aqui. Estas manifestações cabem muito bem em situações e mudança social ampla, para questionar o que até então não era visto ou encarado pela sociedade. A parada gay é uma manifestação, a marcha da maconha é uma manifestação, a marcha das vadias... mas nenhuma delas tem uma pauta específica definida para resposta imediata ou para ser colocada numa mesa de negociação com o Estado. Elas são manifestações. Servem para lembrar que a travesti existe, que o machismo existe e que tem um cacete de maconheiros na sociedade se escondendo e que seu dentista pode ser um puta dum maconheiro de mão cheia.
Bom, e como é um protesto? O protesto ele tem um objetivo claro e imediato. A revolta vai além, abarca mais pautas mas também quer mudanças e não acaba enquanto elas não forem atingidas. O protesto/revolta tem como objetivo atingir o Estado ou o governante com pautas claras numa visão de apoderamento das decisões do governo. O protesto diz: “eu te elegi e você serve a mim e eu não vou te deixar em paz enquanto você não me obedecer e não me reconhecer”. Vendo os “protestos” contra o aumento da passagem hoje, passando por ruas vazias (o que foi aquele trajeto Faria Lima, JK, Ponte estaiada??) espera do fundo do meu coração que aquele monte de gente fosse até o palácio dos Bandeirantes pressionar o governo do Estado por uma revisão da sua posição (que eu gostaria de lembrar a todos e todas, é de não revogar o aumento de forma alguma) e por assim pressionar a prefeitura diretamente (liderada por um partido rival).
Mas não foi isso que aconteceu. Uma massa ficou aglomerada na Avenida Paulista em clima de copa do mundo. Outra andava pelas ruas vazias da Berrini e um outro pequeno grupo, gozando de suas plenas capacidades mentais e políticas, foi para o Palácio dos Bandeirantes. Para a grande maioria, o movimento foi pacífico. Foi bonito. Cantaram o hino nacional num ufanismo e patriotismo cego e seguiram pelas ruas cedidas pelo governo do estado e pela prefeitura para os manifestantes como uma mãe faz as vontades e os mimos de um filho para vê-lo calar a boca por alguns minutos. Em outras palavras, era um ato aparelhado. Enquanto nossos irmãos de pátria (já que é pra ser ufanista) apanhavam no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, aqui em São Paulo Alckmin aparecia como benevolente, democrático, quase pareceu que apoia as manifestações não fosse sua irredutibilidade em reduzir as tarifas. Usou-se então a palavra “respeito”. O mesmo respeito que tem sido negado há anos a movimentos sociais mais minoritários, digamos assim. Quase invisíveis. O que foi de Pinheirinho? O que tem sido das reintegrações de posse SP à fora? Como a polícia continua agindo na periferia? Não joguemos a sujeira para debaixo do tapete.
Eu ousaria dizer até que Alckmin apoiou a manifestação, a bem dizer pelas pautas trazidas pelos cartazes. Numa ideia clientelista de política em que se pede “fora os corruptos”, “fora PEC 37” como quem clama “façam alguma coisa por nós” e não enfrenta essa lógica massacrante de poder que nos domina e segue votando nos grandes partidos (mas sem nunca deixar de mandar o PSTU, claro! Eles que mal conseguem eleger um deputado estadual e se recusa a receber financiamento de campanha de grandes corporações). Ali, naquelas frases de efeito, os vinte centavos viraram um artigo de museu. Esqueceu-se o real motivo de se estar na rua. O protesto e a revolta virou manifestação. Virou festa da democracia. Tanto ao ponto de eu ser obrigado a ouvir, no metrô, já quase chegando em casa, “isso está parecendo mais voltando de rolê do que voltando de protesto”.
É meu amigo, foi um rolê. Foi um rolê para satisfazer a sanha de “precisamos fazer alguma coisa” da classe média e institucionalizar e aparelhar um movimento que começou independente, mas virou um novo caras pintadas. Não quero aqui apontar culpados, mas sentar para dialogar qualquer assunto que não fosse a REDUÇÃO DA TARIFA, foi um erro, sobretudo quanto esse diálogo se deu com a Secretaria de Segurança Pública (como se o movimento fosse caso de polícia). Alckmin deu uma jogada de mestre e a população volta pra casa com o sentimento de dever cumprido. Limpamos cada pixação que foi feita, evitamos a violência, tomamos a paulista (com o aval do Estado, claro! Porque somos legalistas). E amanhã... espero estar enganado, mas amanhã tem tudo para ser menor." Cleyton Vilarino
"Claro que eu estou feliz pra caralho em ver o que aconteceu hoje, em toda minha vida tento mobilizar meus amigos e conhecidos com relação às pautas de manifestações das lutas mais variadas, quem me conhece sabe perfeitamente disso. Foi lindo, eu chorei! Mas tenho muitas preocupações... sinceramente os atos de revolta são os que menos me preocupam, faz absolutamente parte e demonstra um descontentamento real, prefiro mil vezes a palavra de ordem "abaixo o moralismo" que muitos respondiam à outra "abaixo o vandalismo". Minha preocupação é cairmos na armadilha que estão tentando nos impor. Desconfie SEMPRE quando o status quo passar a "apoiar" qualquer manifestação que possa pô-lo em debate real. Estão mudando o foco, estão tentando cooptar, manipular, esvaziar o discurso. Não podemos deixar que o foco seja algo superficial, ou genérico demais, como "contra a corrupção", tem que ser muito mais profundo que isso. Deve analisar a fundo, o porquê de chegarmos onde chegamos.. o sistema é absolutamente complexo. Cantar hino nacional, ir de branco, empenhar bandeira do Brasil, pintar a cara com tracinhos verdinho e amarelinho, coisas que a mídia adora porque não aprofunda, é vazio, não sinaliza uma mudança real... Temos que nos articular com os movimentos sociais já existentes, debater muito, estudar muito, saber pelo que e contra o que estamos de fato lutando e quem é nosso inimigo real. Manifestações tão plurais, sem um direcionamento, sem a experiência de luta, sem foco, tendem fatalmente à cooptação. É uma hora delicada, agora temos consciência da força que temos, temos que ser cuidadosos. Nesse caso o buraco é beeeem mais embaixo, não é apoiar por apoiar, é saber o que se está fazendo, e pra que lado temos que caminhar." Rosa Antunes
Sem desmerecer todos que realmente lutaram por algo no dia 17, principalmente a galera de BH que foram vítimas de uma maciça brutalidade policial, mas este foi o principal sentimento desta Segunda-feira.
Em cidades pequenas, como a minha, e que não tiveram aumento - logo não tiveram uma causa -, a coisa foi ainda pior, ainda mais despolitizada, sem uma massa pensante/atuante, só uma massa de manobra tirando foto e segurando faixas pra sair na TV.
Sobre hoje, dia 18:
"Tô muito sem energia pra tretar, então recorramos àquela estratégia que sempre funciona: indireta no facebook (especialmente no caso de algo que você viu alguém falar, que não conhece e não tem adicionadx):
Nós bichas, sapatões, trans*, punks, marginais somos o alvo do tiro que sai das armas da PM. O hino que vocês estão cantando é em louvor ao mesmo Estado que põe as balas nas armas que estão atirando em vocês. O povo não é a pátria, não é o Estado, o povo é o povo. O povo somos as bichas, as sapatões, xs trans*, punks, marginais. Xs vândalos. Vocês estão cantando em apoio ao Estado que ACABOU DE APROVAR A CURA GAY NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS. Que passou também o ato médico e estamos aqui em pânico que passe o Estatuto do Nascituro, que já foi aprovado pela Comissão de Finanças.
POR QUE VOCÊS ESTÃO APOIANDO ESSE ESTADO? PAREM PAREM PARE PARE. TIREM OS NARIZES DE PALHAÇO, TIREM AS BANDEIRAS DO BRASIL DO CORPO. PAREM. POR FAVOR, PAREM." Ariane Silva
"Enquanto os reaças faziam um desfile nacionalista-facho-direitista na Paulista, a Prefeitura de São Paulo lembrou o que as minorias realmente insatisfeitas, e que estão de fato protestando, não estão ali para serem passivas.
Prefeitura depredada, GCM fugiu pra dentro da prefeitura com medo, bombas estouraram dentro da prefeitura, e o carro de cobertura da Record foi completamente destruído. Enquanto a guerra de classes durar, é isso que o Estado vai ganhar.
Muitos anarquistas, punx, libertários, e muita gente apoiando, contra o moralismo e a passividade.
Foi uma felicidade imensa ver o Estado com medo, e não ver um monte de babaca reaça medroso.
Agora, hoje ficou bem claro uma coisa: o Sexto grande ato contra o aumento das passagens! mostrou que ACABARAM-SE os protestos contra o aumento da passagem e a favor do passe livre. A direita invadiu os atos e agora só falam sobre corrupção, os petralhas, o amor a pátria, sobre derrubar a Dilma, sobre tudo, menos sobre o transporte "público".
Agora, presenciaremos atos medíocres, cheios de NACIONALISMO, com pessoas entoando ofensas machistas e homofóbicas (afinal, isso não importa).
Sinceramente? A porta das mudanças foi aberta, e ou a população de São Paulo que luta por liberdade se mobiliza, ou a cidade está de pernas abertas para um GOLPE (sim, isso mesmo).
Amigxs, chegou a hora de não deixar os coxinhas passarem.
(A) (E)" Cainã Colonezi Rodrigues
"Ontem as ruas foram tomadas por uma multidão de pessoas, cada vez mais motivadas a engrossarem as manifestações que ocorrem em todo o pais. Sim, o que se viu ontem foi um protesto pacífico. Opa, perai, protesto?
O protagonista das manifestações de ontem sem sombra de duvida não foi o MPL, nem os militantes focados no objetivo da manifestação e mais radicais em suas posições e atitudes. Quem reinou absoluta foi a Bandeira Nacional! E qual o problema nisso?
O Brasileiro e internacionalmente reconhecido como um povo com pouca disposição a fazer valer sua palavra e sua opinião. E um povo que bate o pé na máxima de que os políticos são seus representantes e eles que se virem com o futuro de todos nos, temos apenas que trabalhar, calar a boca, rezar pra Deus e continuar a carregar os vícios sociais que são tão interessantes pra quem vive da ignorância massiva. Porém foi chegada a hora de expor a indignação contra todo tipo de segregação social, coisa que setores mais radicais e marginalizados da sociedade já fazem há décadas.
E mais uma vez estes oprimidos fora dos padrões de "brasilidade" saíram as ruas dispostos a mudar uma realidade de decisões arbitrárias contra a vontade e a realidade econômica dos mais pobres, melhor representada publicamente como o aumento da tarifa de ônibus em várias cidades, deixando o que era inacessível pra muita gente algo cada vez mais distante da sua realidade. E para combater os vilões da historia - o Estado, o Capitalismo, os grandes empresários dos transportes e toda mídia burguesa que sempre esta onipresente para deturpar e provocar a condenação publica daquilo que ocorre em beneficio do próprio povo que repete os mantras da TV - nada mais apropriado do que provocar um distúrbio para que aquilo chame a atenção das pessoas. Afinal pra haver mudança nada representa mais o momento que os oprimidos vivem do que a mais pura indignação e o ódio. Afinal, sorrisos e demonstrações de amor a pátria que te oprime nunca provocaram mudanças, pelo contrario, se você esta ali mostrando seu orgulho de ser brasileiro você esta afirmando que a sodomia com areia perpetrada pela elite e pelo estado é benéfica para o Ânus da nação. Eis ai o X da questão.
A imprensa burguesa começou com os disparos de jargões contra os manifestantes: Era "Vândalo" pra la, "Baderneiro" pra cá, tentavam provar por A + B que o aumento dos transportes era necessário sim, o Governador do Estado de São Paulo e o Prefeito da Capital Paulista condenando veementemente os levantes populares e anunciando tolerância zero por parte das forcas policiais e ate mesmo cogitando a presença do Exercito Brasileiro pra meter azeitona no oprimido que não se cala. E a população geral? No conforto de seus lares repetia tudo o que a TV e os opressores falavam: Aplaudiam cada prisão de ativistas, cada pancada e tiro de borracha que o batalhão de choque efetuava, cada inserção de cassetetes embaixo das saias de mulheres manifestantes para desestabiliza-las emocionalmente, cada bomba de gás jogada em direção a apartamentos que filmavam o ato e os abusos policiais. E, como a mídia e as próprias autoridades sugeriram vendo que as movimentações estariam longe de cessar, começou aquele papo de "Protesto Pacífico", oferecer flores pra PM (que revida com violência), Cantar Geraldo Vandré (que depois de velho virou um puta de um reacionário e se recolheu pra não ser lembrado como músico revolucionário), se vestir de branco (Como se fosse reveillon) e levar a Bandeira Nacional! Sim, o símbolo que representa o Estado, que é o grande vilão da historia, que esta estampado nas fardas dos policiais sedentos de sangue que agem politicamente a direita paralelamente ao governo, aplicando com gosto os anseios higienistas do Fuhrer Alckmin, Símbolo estampado nas jaquetas bomber dos grupos de intolerância como White Power e Carecas do Brasil/do Subúrbio, que agridem homossexuais, negros, nordestinos, estrangeiros migrantes e promovem o ultranacionalismo de extrema direita, Bandeira que esta presente nos gabinetes de todos que ordenam a violência contra o povo, símbolo tão arbitrário que seu lema "Ordem e Progresso" são levados na base da opressão e violência do Estado (para manter a ordem, na política do "na duvida mate todos" pra não errar o alvo, mesmo sem acertar) e na base do que é desnecessário para quem não possui condição para pagar por serviços mais básicos para sua sobrevivência como transporte, saúde e educação (O progresso e as obras da copa, olimpíadas e eventos que visam apenas mostrar o brasil como um lugar próspero e emergente e maquiando as mazelas sociais que ainda dominam aqui e que fazem vitimas diariamente - da inanição a violência, passando pela ignorância patrocinada pelo estado que gera a criminalidade e que gera a justificativa para que a realidade de quem convive com quem desvirtuou seu caminho para o crime nas favelas e periferias seja a de violência, miséria e intimidação.
Agora, vai explicar isso pro pessoal que aprendeu na escola que o Patriotismo é o que move as mudanças... Quando não são pessoas mais pobres acostumadas a admirar o modus vivendi do seu patrão que caga na sua cara, do milionário que representa o pais na revista Forbes ou simplesmente por pura falta de conhecimento do que os símbolos nacionais realmente representam para quem o oprime enquanto ele aplaude, são pessoas criadas a leite com pera que vêem nessa tendência de aumento de manifestações a chance pra mostrar sua indignação com os "Petralhas", "Mensaleiros" e com a "Imoralidade" presente, assim como tudo que represente perigo para a integridade do seu IPHONE ou seu tênis de 1500 reais. Abraçam a causa da noite pro dia, assim como a Avril Lavigne Fez. Não precisam de ônibus, de metrô, de trem, de escola e hospitais públicos... Mas mesmo assim cansaram de ser chamados de inertes. Se embrulham na bandeira do Brasil e vão la usurpar a luta dos pobres.
Viraram a Maioria. Pintaram a cara de verde e amarelo, cantaram o hino nacional, confraternizaram com aqueles que meteram bala na favela há uns dias atrás... "Saíram do Facebook". E Também das paginas de comentários das matérias tendenciosas da Folha de São Paulo, Veja, Estadão entre outros veículos de comunicação, onde sempre estão ali defendendo coisas como a redução da maioridade penal, a política "humanista" do pastor Marco Feliciano, contra a união civil em cartório dos Homossexuais, e clamando a volta da ditadura. Essa "maioria" segue os moldes do "Cansei", "Dia do Basta" (ou da bosta?) E seus protestos de madame simpatizante do PSDB pelo Ibirapuera com nariz de palhaço e poodle no colo com uma coleira de couro com detalhes em pedras preciosas que valem um ano inteiro de trabalho daquele que é apontado como "Vândalo Baderneiro". Nessa maioria tinha pessoas bem intencionadas, porém mal esclarecidas, além de gente Mal intencionada e bem esclarecida no que diz respeito a pretensão do que esse protesto se torne: De uma reivindicação contra o aumento da tarifa e todo o quadro de exclusão social para uma pantomima que não leve a lugar nenhum, tirando o foco e levando várias reivindicações que não são homogêneas, embora necessárias, mas ainda assim, muito contexto pra muita gente sem conteúdo é apenas o protestar por protestar e rende muita foto impactante cheia de cabeça e faixa atrás pra ganhar like no facebook. Nessa "Maioria" pudemos ver patricinhas e playboys, partidários, neonazistas, homofóbicos, machistas e ate mesmo pessoas levantando cartazes chamando os beneficiários do bolsa família de ignorante reclamando que ele que sustenta - Como sofre essa classe media...
Os reacionários tomaram as ruas, e estão querendo nos ensinar a protestar! Depois que a mídia burguesa que distorcia os fatos do protesto começou a incentivar e defender as iniciativas de reunião publica, que o Governador e a Policia parabenizaram o ato pacifico-micareta-reveillon antecipado, eles agora se acham no direito de querer comandar a coisa! Querem extirpar o MPL daquilo que ele criou, os partidos de esquerda - não sou partidário, mas isso mostra quem são esses "patriotas cheios de razão" - os grupos anarquistas e periféricos e que não compactuam com a patifaria oficializada.
Um grupo chamado pela mídia de "Dissidente" dos protestos foi ate o palácio dos bandeirantes e fez o que deveria ser feito em um protesto de verdade. Esse grupo se isolou pois viu que no amarelo da bandeira nacional nem tudo que reluz é ouro. Tinha que fazer acontecer. E foi ao alvo certo. Prato cheio para a mídia mostrar pras pessoas o que e "Protesto do bem" e "Protesto do Mal". O Protesto "do bem" agradou a rede Globo, a mídia burguesa em geral, Pastor Marco Feliciano, Fuhrer Alckmin, Ratinhos, Datenas e porta vozes da ignorância reacionária. O Protesto "Do Mal" deu trabalho pras forcas opressoras do estado e deu pano pra manga pra nego "do bem" sair falando merda. Simplesmente porque essa "Dissidência" manteve o foco e foi pra luta.
Daqui a pouco tem mais um ato. Cuidado pra não ser mais uma "Marcha pra jesus versão estado laico" ou "esquenta para o reveillon". Mas a merda já foi feita. Todo esse sentimento de "Orgulho de ser Brasileiro" originou bizarrices como uma nova versão da "Marcha da família com Deus Pela liberdade" com o adendo "Contra o comunismo" onde no evento de divulgação no facebook pululam imagens que clamam a volta da ditadura militar, efeito que teve a primeira versão da marcha há 40 anos atrás. Desta vez com um fator alarmante: Quem ta no comando disso é a corja Crentelha que quer que a Bíblia prevaleça sobre a constituição. Sim, Continue com a bandeira enrolada ao corpo e enaltecendo o orgulho de ser brasileiro que podemos voltar ao período de escuridão, na ditadura Evangelico-militar, que vai suprimir seu direito ate mesmo de espalhar piadinhas de humor negro ou de escutar suas musicas com conteúdo obsceno que você chama de cultura nacional...
Manifestantes de combate: Não deixe a coisa perder o foco. Não deixe isso sofrer o "efeito parada gay", que de uma luta contra a homofobia e pelos direitos dos homossexuais acabou virando um mero carnaval cheio de gente homofobica na rua aproveitando a festa de graça e o bacanal generalizado proporcionado pelo próprio estado que depois usa isso contra os próprios participantes para dizer Não a seus direitos - chegou ao ponto de ter DJ Neonazista animando uma festa "contra a homofobia".
Venha pra rua. Sem Hino, sem bandeira. Mas com o FOCO e a REVOLTA. Não haverá mudança se agradar ao alvo dos protestos. Não Haverá Resultado enquanto ninguém saber o que quer ou o que esta fazendo ali.
OS POBRES NAO TEM PATRIA!
FORA PELEGOS!
VIVA A REVOLTA POPULAR!" Fernando Abreu
No título eu pergunto se há esperança ou não. Bom, toda essa galera que tá indo pras ruas seguindo a cartilha da mídia não são manifestantes, eles não tem esse habito, e creio que logo vão cansar - a grande maioria mesmo já tem o sentimento de "dever cumprido", "nos rebelamos", "lutamos contra a corrupção" e já nem vão sair mais de casa, e também porque os verdadeiros manifestantes não irão ser domados.
Nós estaremos aí lutando contra a mafia dos transportes, mas também continuaremos com todas as outras lutas, como semana passada houveram protestos - não cobertos pela mídia - contra o Estatuto do Nascituro entre os do MPL, como estaremos frente aos estádios para impedir o máximo que pudermos e dar o maior prejuízo que pudermos aos empresários, empreiteiros e a FIFA que violentaram e roubaram e continuam a violentar e roubar a todos nós.
Não, nós não somos os playboys que tão lá de dentro do estádio, financiando e aproveitando todo esse circo, querendo pagar de consciente vaiando a presidente, não somos os alienados/domesticados que se cobriram com bandeiras do Brasil pelas avenidas e se puseram contra quem iniciou todos os protestos e sempre estiveram neles. Nós somos aqueles que estavam frente às maquinas e militares enquanto o Estado, a mando dos empresários/empreiteiros/FIFA, estava desalojando as pessoas, destruindo suas casas e escolas para fazer estacionamentos para a Copa, transformando o Museu do Índio, ocupado e gerido pelos mesmos por décadas em "Museu das Olimpíadas", nós somos os que invadiam o congresso durante as vergonhosas reuniões da Comissão de Direitos Humanos presididas por aquele lixo humano que não vou nem citar, somos os que lutaram e sangraram contra o aumento em todas as cidades, e nós vamos continuar a lutar e sangrar nas ruas.
Dizem que o povo acordou, mas o governantes continuam a dormir bem tranquilamente.